Roglic e Evenepoel partem como grandes favoritos mas o português João Almeida quer ser protagonista.
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A primeira das três grandes provas do calendário mundial está, a partir de hoje, nas estradas italianas, para uma jornada de três semanas, com um previsível confronto de gerações na luta pela vitória final. O esloveno Primoz Roglic (Jumbo-Visma), de 33 anos, e o belga Remco Evenepoel (Soudal Quick-Step), de 23 anos, surgem como os principais favoritos à conquista de uma camisola rosa que nenhum deles tem no seu palmarés, num duelo entre a força da experiência e a irreverência da juventude, por dois dos mais completos e vencedores ciclistas da atualidade.
Mas, para a maioria dos portugueses, as atenções neste Giro estarão voltadas para a prestação de João Almeida (UAE-Emirates), que se costuma dar bem nas geografias transalpinas. O corredor de 24 anos, natural das Caldas da Rainha, teve uma prestação épica em 2020, quando foi líder da corrida por 15 dias e terminou em quarto lugar, conseguindo, depois, em 2021, um honroso sexto posto. No ano passado, foi traído pela covid-19 e desistiu, surgindo, agora, com maior ambição e maturidade para estar na luta pelos lugares do topo.
O ciclista português chega a esta Volta a Itália com uma demonstração de força em algumas das provas feitas já em 2023, com o sexto lugar na Volta ao Algarve, segundo no Tirreno-Adriático, atrás de Roglic, e terceiro na Volta à Catalunha, outra vez batido pelo esloveno e também por Evenepoel.
Além de ter de combater os dois grandes favoritos à conquista do Giro, João Almeida terá ainda de vencer uma alegada falta de coesão da equipa UAE-Emirates. Na Volta à Catalunha, onde se debateu com várias contrariedades, muitos dos seus colegas de equipa foram criticados por não esperarem pelo ciclista português numa das etapas de montanha.
Nesta edição, marcada pela ausência do vencedor do ano passado, o australiano Jay Hindley, o pelotão terá pela frente uma viagem de 3489,2 quilómetros, num percurso que vai aumentando de dificuldade a cada semana, até chegar a uma ponta final recheada de montanha. Pelo meio, três contrarrelógios, dois logo na primeira semana de corrida, e um outro, em formato de cronoescalada, já na diabólica ponta final.
Regularidade, resiliência e força serão, por isso, atributos essenciais para os candidatos à vitória, que nas derradeiras etapas deste Giro vão ter de "escalar" as mais duras montanhas de qualquer das outras grandes Voltas. As passagens pelo Monte Bondone, por Val di Zoldo e, logo a seguir pelos Dolmitas, serão os pontos chaves da corrida, apimentados pela cronoescalada, antes da viagem final até ao Coliseu de Roma, a 28 de maio.
Os favoritos
João Almeida
24 anos, UAE-Emirates
O melhor ciclista português da atualidade conhece todos os truques desta prova italiana, onde já chegou a saborear a liderança, por 15 dias, em 2020. Para esta quarta participação consecutiva no Giro, João Almeida é unanimemente apontado como um dos candidatos ao top-5. A sua capacidade sofrimento e a forma como consegue reagir quando passa por dificuldades, sobretudo em terrenos inclinados, tornam-no num temível e imprevisível rival. Se tiver a equipa determinada em apoiar o seu estatuto de chefe de fila, o português será um dos protagonistas.
Primoz Roglic
33 anos, Jumbo-Visma
Apesar de nunca ter feito melhor que um terceiro lugar no Giro, Roglic tem historial de êxitos tão fortes como a sua capacidade de finalizar em montanha.
Remco Evenepoel
23 anos, Soudal-Quick Step
O atual campeão do mundo provou com o triunfo da Vuelta em 2022 que, apesar da juventude, já tem estofo para brilhar nestas grandes provas.
Tao Geoghegan Hart
28 anos, INEOS
Vencedor da prova em 2020, tem como grande trunfo, além da sua capacidade individual, estar numa das mais consistentes equipas do pelotão.
Hugh Carthy
28 anos, EF Education-Easy Post
Trepador de excelência, está talhado para a difícil ponta final montanhosa deste Giro. Se for regular pode lutar pelo pódio.