Nos últimos cinco meses, foram muitos os anúncios de que acabou o prazo para que a Grécia e os credores cheguem a um acordo que garanta a solvabilidade do país.
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Mas a maratona deste domingo, com o Governo a reunir-se para debater novas medidas de austeridade e a ronda de telefonemas que Alexis Tsipras fez a líderes europeus dão uma noção de que não haverá muitos mais prazos para falhar.
Hoje, a discussão sobe ao patamar político, com a Cimeira dos chefes de Governo e de Estado da União Europeia, depois de um encontro dos ministros das Finanças e governadores dos bancos centrais.
Tsipras terá ontem dado a conhecer aos credores internacionais - como a chanceler alemã Angela Merkel e os presidentes francês François Hollande e da Comissão Europeia Jean-Claude Juncker - outra proposta para desbloquear um acordo que evite a bancarrota já dia 30, quando tem de pagar 1,6 mil milhões de euros ao FMI.
Pouco depois, o primeiro-ministro italiano, Matteo Renzi, disse aos jornalistas que estão reunidas as condições para um acordo, depois de um encontro com Hollande.
Ao final da noite deste domingo soube-se também que o primeiro-ministro grego vai encontrar-se com os líderes da Comissão Europeia, do Eurogrupo, do FMI e do BCE, este segunda-feira, antes da cimeira da zona euro para encontrar uma solução para a Grécia.
Tiquetaque, até ao último minuto
A uma semana do fim da extensão do atual (segundo) resgate à Grécia, a pressão é tremenda. Do lado grego, em janeiro, Tsipras foi mandatado pelo povo para manter o país no euro e reduzir a austeridade, que já cortou 25% da riqueza económica. Meses de propostas e contrapropostas, contudo, cavaram um enorme fosso entre as partes.
Mas também na Europa a pressão intensifica-se. Em Berlim, o poderio económico alemão dá a Merkel a última palavra sobre um acordo. Mas se, por um lado, o seu partido (e o ministro das Finanças, Wolfgang Schäuble) têm assumido uma linha dura, por outro quererá com certeza evitar o ónus político de abrir uma porta de consequências imprevisíveis.
É certo que a Europa tem garantido estar hoje mais bem preparada para lidar com a saída da Grécia do euro, mas a incógnita sobre o futuro mantém-se. Têm sido admitidos vários cenários, incluindo o que prevê o início da desintegração do euro e até da própria União Europeia. Tanto que, se os mercados financeiros têm estado tranquilos, nada garante que não desencadeará novos ataques especulativos ao euro ou à dívida de países considerados mais frágeis.
Tsipras propõe "solução definitiva"
Um "acordo benéfico mútuo", que "deverá trazer uma solução definitiva e não provisória". Foi assim que o Governo grego classificou ontem a sua mais recente proposta, já revelada aos parceiros europeus, antecipando o encontro de ministros das Finanças e de chefes de Estado e de Governo, hoje. A Comissão Europeia confirmou estar a trabalhar sobre novas propostas, mas não adiantou pormenores.
A Imprensa grega, contudo, noticiou ontem que Alexis Tsipras propõe agora mexer nas pensões de reforma. Sem aceitar cortes nas pensões em pagamento, poderá aprovar a suspensão das reformas antecipadas, a partir de 2016.
Quanto aos impostos, continua a recusar reduzir de três para dois os escalões IVA, mas admite passar produtos para o escalão seguinte. Ainda, poderá criar um imposto sobre salários superiores a 30 mil euros e aumentar a taxa do IRC, sobre o lucro das empresas, entre outros.
Contudo, Tsipras continua a traçar linhas vermelhas, negando mais cortes nas pensões e salários e exigindo que o acordo inclua a renegociação da dívida, que poucos acreditam que seja pagável. A Imprensa internacional adianta que os credores admitem um alívio da dívida, mas não imediato.
* COM AGÊNCIAS,