O Banco de Portugal enviou a clientes do Banco Privado Português uma carta a recordar-lhes que estão obrigados a pagar juros e amortizações de empréstimos que tenham contraído.
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Os clientes do BPP, recorde-se, estão impedidos de retirar as aplicações financeiras que fizeram no banco ou através da instituição, mas na carta, a que a agência Lusa teve acesso, o Banco de Portugal avisa que têm de continuar a pagar juros e amortizações de empréstimos que tenham contraído junto daquela instituição.
A carta informa que, "por contrato de penhor" celebrado entre o BPP, o Estado e o Banco de Portugal, "foi constituído, em cinco de Dezembro de 2008, penhor a favor do Estado" e que devem continuar a "proceder ao pagamento dos juros e amortizações" junto do Banco Privado "até notificação em contrário".
Alguns clientes que receberam a carta, segundo fontes contactadas pela agência Lusa, ignoram ao que o Banco de Portugal pode estar a referir-se porque afirmam não ter contraído qualquer empréstimo junto do BPP.
Outros, como um cliente ouvido pela Lusa, indignam-se com o facto de o Estado "não tomar uma decisão sobre o futuro do banco" e, através do Banco de Portugal, manter "indisponíveis as poupanças de clientes ali aplicadas" mas "exigir que essas mesmas pessoas continuem a pagar juros de empréstimos".
A sociedade de advogados que representa alguns dos clientes está a tentar clarificar a situação e pediu já uma reunião com o Banco de Portugal, admitindo que possa haver enganos, no caso de clientes que afirmam não ter qualquer empréstimo, ou mais alguma situação em que a própria carteira de investimentos de clientes tenha sido dada como penhor.
Recorde-se que a data de cinco de Dezembro e o contrato referido na carta diz respeito ao contrato através do qual um consórcio de bancos emprestou 450 milhões de euros ao BPP, cuja maturidade termina a 06 de Junho.
A garantia prestada pelo Estado tem como contra-garantia o penhor "de activos do balanço do BPP no montante de cerca de 672 milhões de euros", de acordo com o contrato celebrado na altura.
Contactado o BPP, fonte oficial disse há Lusa que contratos de empréstimo feitos com os bancos vencem-se a 6 de Junho, mas "são renováveis, não constituindo essa possibilidade [vencimento] qualquer constrangimento".