Bruxelas afirma que apenas aprovou a recapitalização do Banif porque não tinha "não tinha informações suficientes para duvidar da avaliação" feita pelo Governo de Passos e Banco de Portugal.
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A Comissão Europeia (CE) nunca esteve convencida que o Banif era um banco viável, tendo aceitado a injeção de 1100 milhões de euros no banco decidida no início de 2013 por falta de dados que lhe permitissem vetar a operação.
Bruxelas respondeu ao longo rol de questões dos deputados da Comissão de Inquérito Parlamentar (CPI) ao Banif, revelando nestas que sempre olhou com muitas reservas para a opção de recapitalizar o banco.
Portugal notificou Bruxelas a 11 de janeiro de 2013 da decisão de injetar 1100 milhões de euros no Banif e, explica a CE nas suas respostas, apesar das "dúvidas levantadas" pelos seus serviços, e considerando que o "supervisor responsável [pelo Banif] era o Banco de Portugal" e que este tinha acesso total ao balanço e às contas do banco, "era razoável para a CE depreender que era fruto desse acesso privilegiado em que se baseava o entendimento positivo do BdP de que o banco regressaria à viabilidade", lê-se na resposta.
A posição da Comissão Europeia contraria a leitura que a ex-ministra das Finanças, Maria Luís Albuquerque, secretária de Estado do Tesouro na altura da injeção no Banif, apresentou na mesma CPI ao Banif. Maria Luís referiu aos deputados que em 2013 a CE "poderia não ter autorizado a operação de recapitalização" e que, ao não o fazer, admitiu "explicitamente" que "os argumentos apresentados pelas autoridades nacionais foram suficientemente válidos para fazer essa aprovação". Contudo, e de acordo com a resposta da CE, a decisão de não se opor surgiu mais pela falta de dados do que por concordar com os existentes.