A Comissão Europeia reviu, esta terça-feira, em baixa as previsões de retoma da economia europeia, estimando que este ano cresça apenas 0,8% na zona euro e 1,3% no conjunto da UE, crescimento que se manterá "lento" em 2015.
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De acordo com as previsões económicas de outono, divulgadas esta terça-feira pelo executivo comunitário, no próximo ano a economia crescerá 1,1% na zona euro e 1,5% na UE, quando, em maio passado, por ocasião das previsões da primavera, Bruxelas previa valores superiores a estes já para 2014 (1,2% e 1,6%, respetivamente), que se reforçariam em 2015 (1,7% e 2,0%).
Nas previsões agora atualizadas, a Comissão reconhece que "a confiança é menor que na primavera, como reflexo de riscos geopolíticos crescentes e perspetivas económicas mundiais menos favoráveis", e que a retoma da economia europeia é fraca, "em comparação com outras economias avançadas e tendo em conta outros exemplos históricos de retomas após crises financeiras", embora estas se caracterizem por ser lentas e frágeis.
Bruxelas acredita, no entanto, que o crescimento económico se intensifique em 2016, para crescimentos de 1,7% na zona euro e 2,0% na UE, fruto das medidas já tomadas pelo Banco Central Europeu com vista a reduzir as incertezas sobre a solidez do setor bancário e a melhorar as condições de financiamento, associadas a uma maior procura, a uma melhoria das condições do mercado de trabalho, também reflexo das reformas estruturais entretanto levadas a cabo.
No entanto, a Comissão reconhece também que estas previsões poderão vir a sofrer nova revisão em baixa, face aos riscos ligados a "tensões geopolíticas, fragilidade dos mercados financeiros e implementação incompleta das reformas estruturais".
Segundo as previsões de outono, a taxa de desemprego também permanecerá em valores muito elevados no futuro próximo: na zona euro, "fechará" 2014 nos 11,6%, recuará apenas três décimas no próximo ano (11,3%) e baixará para 10,8% em 2016, enquanto na UE se fixará este ano nos 10,3%, baixará para 10,0% em 2015 e para 9,5% em 2016, valores em linha com as previsões de maio passado.
Já ao nível da inflação, deverá manter-se a tendência de valores muito baixos (de 0,5% na zona euro e 0,6% na UE este ano, que subirão ligeiramente em 2015, para 0,8 e 1,0%), enquanto os défices dos Estados-membros deverão prosseguir a sua trajetória descendente, embora não a um ritmo tão acentuado como Bruxelas esperava na primavera, recuando, na zona euro, para 2,6% do PIB este ano e 2,4% em 2015, e, na UE, para os 3,0% em 2014 e 2,7% em 2015.
Num primeiro comentário a estas novas previsões, o vice-presidente da nova "Comissão Juncker" responsável pelo Emprego, Crescimento, Investimento e Competitividade, Jyrki Katainen, admitiu que "a situação económica e de emprego não está a evoluir de forma suficientemente rápida", e garantiu que Bruxelas tudo fará para acelerar o investimento, que considera a "chave" para uma retoma efetiva.
Já o novo comissário europeu dos Assuntos Económicos, Pierre Moscovici, comentou que não há uma resposta única, simples para os desafios que a Europa enfrenta, sendo necessário atuar em três frentes: "políticas orçamentais credíveis, reformas estruturais ambiciosas e investimento, muito necessário, tanto público como privado".
"Temos todos de assumir as nossas responsabilidades, em Bruxelas, nas capitais nacionais e nas nossas regiões, para gerar um maior crescimento e proporcionar um aumento real do emprego para os nossos cidadãos", afirmou o comissário francês.