<p>Os 12 clientes que continuavam em protesto na sede do BPP, no Porto, saíram das instalações do banco depois da PSP lhes ter apresentado uma ordem de evacuação. Tinham de sair até às 13:00h, ou a bem ou a mal.</p>
Corpo do artigo
"Fomos obrigados a sair", gritaram os 12 clientes à saída da sede do BPP, pelas traseiras do edifício, cerca das 12:30h.
O sub-intendente da PSP Mário Pereira foi à sede do BPP com uma carta do banco a exigir a evacuação dos clientes que ali permaneciam em protesto desde ontem, segunda-feira, após uma denúncia do banco de invasão de propriedade. Durante as declarações aos jornalistas, os clientes gritavam "queremos o nosso dinheiro!"
Segundo um cliente, não foram ameaçados mas a PSP disse que teriam de abandonar o protesto até às 13:00h, ou a bem ou a mal. Como são pessoas civilizadas, educadas e contra a violência, perante a ordem de evacuação puseram fim ao protesto, explicaram os clientes aos jornalistas no local.
Com os ânimos bastante exaltados, os clientes denunciaram ainda que ficaram sem rede nos telemóveis e incontactáveis por alguns momentos, situação também verificada pela Imprensa.
Noite fria e sem mantimentos
A PSP garantiu hoje, terça-feira, que os clientes do BPP tiveram acesso a bens essenciais, como medicação e alimentos básicos.
"Não entrou [durante a noite] tudo o que eles queriam, mas bens essenciais, designadamente medicação e alimentos base necessários para umas horas entraram", afirmou o oficial de dia ao comando da PSP.
Esta garantia surgiu após a denúncia de uma cliente em protesto que disse à Agência Lusa, através de contacto telefónico durante a madrugada, que estavam sem acesso a comida, água ou medicamentos.
Na altura em que recebia os mantimentos, um dos clientes foi expulso da sede do BPP pela PSP. "Solicitei mantimentos e estava a recebê-los no portão, com autorização dos agentes, que aproveitaram a minha distracção para me empurrarem violentamente e à falsa fé para fora", contou à Lusa Fernando Carneiro.
O cliente assegurou ter ficado "com um dedo ferido", pelo que pretende "apresentar queixa do agente" responsável pela alegada agressão.
A PSP teve no local "duas equipas de intervenção rápida", mas apenas para "prestar assistência e garantir a ordem", acrescentou o agente.
Os clientes estavam decididos a prosseguir "até poderem" o seu protesto dentro da instituição para reclamar uma solução que lhes permita acederem às poupanças que têm no banco.
Em declarações ao JN, um cliente disse, ainda a partir do interior da sede do BPP, que durante a noite passaram algum frio, pois não havia aquecimento.
Já hoje, terça-feira, durante a manhã, a filha de um dos clientes em protesto e outros clientes que estão no exterior do BPP levaram alimentos e medicamentos.
Clientes pedem solução ao Governo
"Sabemos que a Administração do banco não pode fazer mais nada. Por isso, a solução terá de partir do Estado", declarou Ângela Soares.
Em declarações telefónicas à Agência Lusa, ainda durante o protesto, a cliente afirmou que "já houve pagamentos a alguns clientes do BPP", nomeadamente a cooperativas agrícolas e outras entidades, razão pela qual o grupo de pessoas que permanece na sede do banco exige "o mesmo tratamento".
Agências do BPP encerradas no Porto
Já depois do início do protesto, a administração provisória da instituição anunciou que vai encerrar nos próximos dias as instalações do banco no Porto.
"A administração reitera que compreende o desespero dos clientes, que estão impedidos de aceder às suas poupanças há cerca de um ano, mas apela-lhes que se abstenham de assumir este tipo de atitudes, que só os prejudicam", refere em comunicado o organismo nomeado pelo Banco de Portugal.
"As instalações do Porto do BPP vão manter-se encerradas nos próximos dias e até estarem repostas todas as condições de segurança que permitam o seu regular funcionamento", adianta o organismo, que assegura que irá "continuar o diálogo" e o "esforço de informação aos clientes".
Os manifestantes iniciaram na segunda-feira um protesto no interior da sede do banco no Porto, onde pretendiam manter-se indefinidamente, prometendo não desmobilizar até à apresentação de uma solução definitiva para as suas poupanças.
* Com Agência Lusa