Conheça os três empresários que querem comprar a TAP. As propostas irão ser avaliadas pela Parpública, gestora de participações públicas, e pela própria TAP. Depois cabe ao governo decidir se avança ou não para uma segunda fase negocial.
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David Neeleman, o candidato na aviação desde os 24 anos
O empresário americano David Neeleman, que lidera uma das três propostas de compra do grupo TAP, tem um longo currículo de criação e liderança de companhias aéreas, sendo hoje o dono da transportadora brasileira Azul.
Aos 24 anos, o jovem Neeleman, que não terminou o curso superior devido a um problema de défice de atenção, fundou a sua primeira companhia aérea, a Morris Air, com sede em Utah, que foi vendida à Southwest Airlines dez anos depois.
No currículo do empresário figuram também a JetBlue Airways, a WestJet e a Azul -- Linhas Aéreas Brasileiras.
Nasceu na capital paulista onde o pai trabalhava como correspondente estrangeiro e aos cinco anos regressou aos Estados Unidos, tendo dupla nacionalidade.
Hoje David Neeleman é presidente da companhia aérea brasileira Azul, tendo entregado a proposta de aquisição, através da 'holding' pessoal DGN (David Gary Neeleman), com mais parceiros, sem ter sido possível confirmar a sua identidade.
Aos 55 anos, David Neeleman, pai de nove filhos, admite ser obcecado pelos clientes e, quando viaja, faz questão de falar com os passageiros para ouvir opiniões sobre a sua companhia.
A Azul, de que detém apenas 8% através da 'holding' pessoal DGN, é uma das principais clientes da TAP -- Manutenção e Engenharia no Brasil, a empresa que tem sido a grande responsável pelos prejuízos do grupo TAP.
Pais do Amaral, o estreante na aviação
Miguel Pais do Amaral também apresentou uma proposta para a compra de até 66% do grupo TAP. É licenciado em Engenharia e foi o fundador do grupo de comunicação social Medida Capital.
Pais do Amaral apresentou a sua proposta à corrida da compra da TAP em nome da Quifel Holdings, que desde 2007 concentra a sua atividade empresarial, tendo desde então realizado vários investimentos em diversos setores.
De acordo com informação disponibilizada na página de Internet da Quifel Holdings, a empresa liderada pelo empresário "é formada por uma pequena equipa de 12 pessoas que acompanha várias áreas de negócio da empresa.
Formado em Engenharia no Instituto Superior Técnico e com um MBA pelo INSEAD, Pais do Amaral iniciou a sua carreira profissional na Goldman Sachs em Londres e, em 1987, fundou a Fininter e a 'holding' de investimentos Alfa Capital.
Posteriormente, em 1991, lançou em Portugal a atividade dos fundos europeus de 'private equity', a Euroknights, ficando depois com a responsabilidade pela sua atividade também em Espanha.
Quatro anos depois, em 1995, fundou o grupo Media Capital, "que se tornou o grupo líder de 'media' em Portugal, com presença na televisão, na produção televisiva, na Internet, na rádio, na produção musical e de filmes, no 'outdoor' e na imprensa", adianta a informação disponibilizada na página eletrónica da Quifel.
Em 2004, a Media Capital entra em bolsa e um ano depois o grupo é vendido aos espanhóis da Prisa.
Atualmente, Miguel Pais do Amaral é presidente do Conselho de Administração da dona da TVI.
German Efromovich, o candidato repetente
O empresário German Efromovich, dono do grupo Synergy e da companhia aérea Avianca, lidera também uma proposta de aquisição do grupo TAP, voltando dois anos depois a tentar comprar a transportadora aérea nacional.
Neto de judeus, que tiveram que fugir da Polónia durante a Segunda Guerra Mundial, German Efromovich nasceu em La Paz, na Bolívia, país que trocou ainda "pequenino" pelo Chile, e depois pelo Brasil, onde vive atualmente com a família, em São Paulo.
O empresário gaba-se de trabalhar "16 a 18 horas por dias" e de dormir "quatro a cinco horas", ressalvando que, no sábado à tarde, gosta de fazer "uma sestinha' para carregar baterias para o resto da semana".
Aos 65 anos, German Efromovich foi o único interessado que apresentou uma proposta final à compra da TAP em 2012, prometendo trazer crescimento e emprego à companhia de bandeira, à semelhança do que aconteceu na Avianca, que "passou de 4.000 para 15.000 trabalhadores".
Na altura, mostrou-se "surpreendido" quando o Governo rejeitou a sua proposta, por falta de garantias bancárias adequadas, mas nunca pôs de lado a possibilidade de avançar se o processo de privatização fosse retomado.
O empresário tem por hábito "andar pelos aeroportos", em hora de maior afluência, e de falar com os passageiros da Avianca para sentir o seu grau de satisfação, admitindo que a aviação "é uma paixão".
Além da companhia aérea Avianca, German Efromovich tem negócios no setor do petróleo, hotelaria, turismo, agricultura e construção naval.
Casado e com três filhas, tem três nacionalidades: polaca, colombiana e brasileira, permitindo-lhe cumprir as regras comunitárias que impedem que uma empresa não europeia detenha mais de 49% do capital de uma companhia aérea europeia.
"Vários países da Europa, depois da Segunda Grande Guerra, decidiram reconhecer a nacionalidade não só dos seus cidadãos, mas até duas gerações de descendentes", explicou, quando em 2012 requereu a nacionalidade polaca.