Criação do Banco Postal é estratégia para atrair acionistas, diz líder da CGTP
O secretário-geral da CGTP, Arménio Carlos, afirmou, esta sexta-feira, que a criação de um banco postal, no âmbito da privatização dos Correios, se destina a atrair acionistas para a venda dos CTT.
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"É mais uma medida que visa atrair o negócio, visa atrair acionistas para que amanhã possam ter mais lucros com a privatização. Faz parte da estratégia para vender ou atrair acionistas para a venda dos CTT", disse Arménio Carlos aos jornalistas à margem do plenário dos trabalhadores dos CTT, na praça dos Restauradores, em Lisboa.
O Banco de Portugal autorizou a criação de um banco postal desde que seja cumprido um "conjunto de condições" depois de os CTT terem apresentado o pedido ao regulador bancário no início do mês no âmbito da privatização dos Correios.
Contudo, o mesmo documento avança que o conselho de administração dos CTT deliberou, na quinta-feira, "não tomar qualquer decisão imediata" quanto à constituição do banco postal, "mas antes ponderar e deliberar sobre o tema apenas em 2014 e nunca antes da Assembleia Geral" que vai eleger a nova administração e decorrerá até 28 de fevereiro do próximo ano.
O documento lembra que os CTT submeteram a 5 de agosto ao Banco de Portugal um pedido que visava a criação de um "banco postal ancorado na atual rede de retalho dos CTT e com um nível de investimento reduzido".
O banco deverá dar prioridade a produtos de poupança, a hipotecas e empréstimos ao consumo, no lado do ativo, "podendo vir a ser adicionados mais tarde empréstimos às Pequenas e Médias Empresas (PME)".
A oferta pública de venda (OPV) dos CTT decorre até 2 de dezembro, realizando-se a dia 4 do próximo mês uma sessão especial de mercado para apuramento dos resultados.
As ações dos Correios deverão começar a ser negociadas em bolsa a 5 de dezembro.
Largas dezenas de pessoas estão esta tarde em frente à estação dos correios da praça dos Restauradores, em Lisboa, em protesto contra a privatização dos CTT.
A manifestação segue depois para o Ministério das Finanças e para a Assembleia da República.
A adesão à greve dos trabalhadores dos CTT varia entre os 18,5% avançados pela administração e os 78% garantidos pelo sindicato do setor, com os dois lados a dividirem-se também sobre o funcionamento dos serviços.
De acordo com a administração, as 624 lojas dos CTT de todo o país encontram-se abertas e a maior parte dos carteiros está a distribuir correio.
A perspetiva da administração contrasta com a do Sindicato Nacional dos Trabalhadores dos Correios e Telecomunicações, já que, segundo o sindicalista José Oliveira, os números apontam para uma adesão à greve na ordem dos 78 por cento.