Os mais novos foram os mais afetados pela pandemia. Há menos 100 mil empregados e 261 mil inativos, mas o Governo está a preparar o reforço dos apoios à contratação.
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A geração mais qualificada de sempre em Portugal é, também, a que tem maiores dificuldades em aceder ao mercado de trabalho. O efeito da pandemia no desemprego foi quatro vezes superior entre os jovens, o número de inativos disparou e o objetivo da emancipação continua adiado. O Governo vai reforçar os apoios à contratação de jovens.
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No intervalo correspondente ao primeiro ano de pandemia, entre o primeiro trimestre de 2020 e o primeiro de 2021, o crescimento da taxa de desemprego entre os jovens foi de 22,3% até aos 24 anos e de 24,7% até aos 34 anos, quatro vezes superior ao aumento da taxa de desemprego total (5,9%). Há menos 100 mil jovens empregados do que no início da pandemia e os inativos já são 261 mil.
"A acentuada precarização das condições sociais e laborais dos jovens é um fenómeno estruturante da condição juvenil atual e que tem vindo a dificultar o acesso a outras fases da vida", constata Maria Manuel Vieira, coordenadora do Observatório Permanente da Juventude do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa.
Em 2020, segundo o Eurostat, Portugal era o quarto país com maior percentagem de jovens com contratos de trabalho temporários, 43,7%. Esta precariedade laboral pré-pandemia está na base do crescimento galopante do desemprego jovem registado no último ano. É que perante a necessidade de reduzir o número de trabalhadores, as empresas em situação de dificuldade optaram por não renovar os contratos temporários, muitos deles de jovens, evitando despedimentos que seriam incompatíveis com o acesso a apoios como o lay-off simplificado.
Mesmo entre os jovens que conseguem um contrato de trabalho, o rendimento médio mensal líquido é muito mais baixo do que noutros grupos etários. Os dados cedidos pelo INE ao JN mostram que o fosso entre os mais novos e os mais velhos se acentuou na pandemia. Um trabalhador até aos 24 anos ganha agora, em média, 678 euros, pouco mais de metade de um trabalhador acima dos 65, cujo rendimento médio mensal é de 1141 euros.
O Ministério do Trabalho adiantou ao JN que tem adotado "um conjunto de medidas de política ativa de emprego para garantir que existem condições para os jovens poderem ingressar, de forma sustentada, no mercado de trabalho". As principais são os estágios Ativar.pt e o incentivo Ativar.pt, que já receberam um total de 65 mil candidaturas, a maioria de jovens.
No caso dos estágios, a bolsa para licenciados subiu de 719 para 790 euros e a bolsa para estagiários com mestrado passou de 763 para 922 euros. No caso do incentivo para empresas que celebrem contratos sem termo, o valor subiu de 3949 euros para 5266 euros, com majoração de 30% para jovens.
Em ambos os programas, a dotação de 100 milhões de euros foi reforçada em 40 milhões e já foram colocadas 27 500 pessoas, com pagamentos aprovados de 215 milhões de euros. A segunda fase de candidaturas terminou em junho e, "ainda em 2021, o Governo vai lançar uma nova fase", adianta a mesma fonte.
Paralelamente, vai ser lançado este ano o Compromisso Emprego Sustentável, financiado pelo PRR, com uma dotação de 230 milhões de euros, com o objetivo de apoiar, através do pagamento de um montante fixo de 5265 euros, a criação de 30 mil postos de trabalho com contratos sem termo, e que vai ter uma majoração de 25% no caso da contratação de jovens até 35 anos.