Maria Lopes perdeu o part-time devido à pandemia e já foi a cinco entrevistas sem sucesso.
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Com o pai, à porta do Centro de Emprego de Guimarães, Maria Lopes é o exemplo das dificuldades que muitos jovens sentem para entrar no mercado laboral. A jovem de 19 anos, com curso profissional ligado à área do turismo, tinha um part-time na restauração até a pandemia obrigar o espaço a fechar. A consequência foi o desemprego de Maria e a busca incessante por nova ocupação profissional, dificultada pela pandemia e pela falta de experiência.
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"Tento voltar ao mercado de trabalho, mas é complicado porque com a pandemia as empresas não contratam", conta. O processo de procura de emprego esbarra logo no requisito da experiência. A maioria dos anúncios pede candidatos com pelo menos dois anos de trabalho nas respetivas áreas, o que se torna uma dor de cabeça para quem está em início de carreira. "Pedem experiência, mas sem emprego nunca a ganhamos. Gostava que me dissessem como é que ganho experiência se ninguém me contratar", questiona Maria.
No difícil processo de colocação, Maria precisa de encontrar um anúncio sem o requisito da experiência, esperar pela resposta das empresas e, se esta chegar, só aí avança a entrevista de emprego. Desde que ficou desempregada, a jovem vimaranense já foi a cinco entrevistas de emprego, todas sem sucesso.
Porém, Maria não é exceção, é a regra. A jovem explica que alguns colegas até "optaram por continuar a estudar porque não conseguiam arranjar emprego". Na restauração, fecharam muitos espaços, outros "só" despediram e são raros os que contrataram. Como tal, o Ensino Superior acabou por ser a única porta para muitos jovens da área do turismo. Nesta altura, Maria prefere "ter um pouco de experiência de trabalho e talvez voltar a estudar mais tarde", admite.
O emprego de sonho seria ligado à área do turismo, na cidade onde nasceu. Monumentos e locais de atração turística não faltam, mas esta foi uma das áreas mais flageladas pelos confinamentos e a esperança vai-se desvanecendo. "Vamos ver se não piora; parece que os contágios já estão a subir outra vez", diz o pai, ao lado.
Até lá, a independência social e profissional de Maria vai sendo adiada, tal como a dos mais de 50 mil jovens com idade entre 16 e 24 anos que perderam o emprego na pandemia.