A Itália pediu ao Fundo Monetário Internacional para acompanhar as políticas económicas e orçamentais de Roma, confirmou o presidente da Comissão Europeia. Em Cannes, no último dia da cimeira do G20, Durão Barroso garantiu que a Europa vai continuar a fazer "o que for preciso" para defender o euro.
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As palavras de Durão Barroso, que falava em Cannes, no último dia da cimeira do G20, surgiram depois de fontes europeias citadas pela Agência France Presse (AFP) terem afirmado que a Itália tinha aceitado uma vigilância estrita dos compromissos assumidos por Roma para reduzir o défice público por parte do FMI em conjunto com a Comissão Europeia (CE).
No entanto, fonte governamental italiana desmentiu posteriormente a existência de tal acordo, deixando entender que poderia ser formalizado de outra forma.
A pressão dos mercados acentuou-se sobre a Itália, que na quinta-feira, na cimeira do G20, comprometeu-se de novo a atingir o equilíbrio orçamental em 2013.
Proposta de novo imposto não é unânime
O presidente da CE admitiu que existe "alguma controvérsia" nas discussões do G20 sobre a eventual aplicação de um imposto sobre as transacções financeiras, apoiada pela União Europeia (UE). Durão Barroso defendeu que a entrada em vigor do imposto deve ser vista como uma "forma de suportar crescimento", mas admitiu que a proposta não é unânime.
A criação de uma taxa internacional sobre transacções financeiras é reivindicada pela França e pelos governos de outros países europeus, nomeadamente o português. Os EUA e o Reino Unido têm-se mostrado relutantes perante a ideia. A proposta, adiantou no passado Durão Barroso, poderá render anualmente 55 mil milhões de euros.
Apelo à Grécia para assumir responsabilidades
O líder da Comissão garantiu ainda que a Europa vai "continuar a fazer o que for preciso para preservar a estabilidade do euro" e voltou a apelar ao sentido de responsabilidade das forças políticas na Grécia.
Numa conferência de imprensa conjunta com o presidente do Conselho, Herman van Rompuy, Durão Barroso indicou que a situação na zona euro centrou muitas atenções neste encontro, forçando a trabalho extra das instituições europeias, alguns dos membros do G20, mas também a "atenção de outros parceiros".
Assinalando que a cimeira ainda prossegue, Durão Barroso disse esperar que nas conclusões seja "claro" o apoio do G20 aos esforços que a Europa está a desenvolver, o que disse acreditar que acontecerá pois sentiu em redor da mesa "apoio e, nalguns casos, mesmo admiração" pela forma como a UE tem estado a responder a uma situação "sem precedentes".
Durão Barroso reafirmou que a Europa continua "completamente empenhada em apoiar a Grécia enquanto membro da sua família", mas voltou a frisar que a Grécia tem também de decidir se está à altura de assumir as responsabilidades que lhe cabem enquanto membro da zona euro.
Nesse sentido, voltou a sublinhar a necessidade de um consenso entre todas as principais forças políticas na Grécia em torno da implementação de "medidas muito exigentes mas indispensáveis".
A cimeira de dois dias do G20 (grupo de 19 grandes economias mais a União Europeia, que em conjunto representam 80% do PIB mundial), termina esta sexta-feira.