Os estivadores deverão ser recebidos, na próxima terça-feira, na Comissão Parlamentar de Segurança Social e Trabalho, anunciou, esta quinta-feira, o presidente do Sindicato dos Estivadores do Centro e Sul, no fim de uma manifestação em frente ao Parlamento.
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Vítor Dias, que falava a centenas de estivadores que, durante toda a tarde, se manifestaram ruidosamente junto ao Parlamento, afirmou ter sido recebido pela presidente da Assembleia da República, Assunção Esteves.
O sindicalista disse que Assunção Esteves terá afirmado que, se a contestada lei do novo regime do trabalho portuário for aprovada, esta quinta-feira, como se prevê, haverá "espaço para discuti-la" na especialidade, no seio da comissão parlamentar.
Em declarações aos jornalistas, depois de ter dado por encerrada a manifestação, Vítor Dias afirmou que a luta dos estivadores contra o novo regime proposto pelo governo vai continuar, e salientou que a causa dos portugueses se "internacionalizou", referindo-se à presença de estivadores de outros países europeus no protesto de hoje.
Vítor Dias indicou que a audiência com a comissão parlamentar decorrerá na próxima terça-feira, e incluirá outros sindicatos do setor portuário.
Falando aos estivadores, o sindicalista pediu a continuação da "resistência ativa, sem conformismo" à nova lei, que já traz os estivadores em greve ao trabalho suplementar há mais de três meses, uma luta que "já está a incomodar os lacaios do sistema, e dá ao governo um exemplo do que pensavam ter eliminado".
"Qualquer que seja o resultado, a nossa resistência já é uma vitória", afirmou, agradecendo depois aos estivadores pela "forma exemplar" como decorreu a manifestação desta quinta-feira.
Com muitas palavras de ordem, petardos e música, o largo em frente ao parlamento pareceu quase um arraial durante a tarde, um ambiente a que ajudou a presença dos empresários dos carrosséis e diversões, que montaram alguns dos seus equipamentos no local em protesto contra o aumento do IVA para 23%, no seu setor.
No final da manifestação, os estivadores bateram palmas aos agentes da PSP colocados na escadaria da Assembleia, "que hoje se portaram bem".
"Só temos uma reclamação...não dançaram connosco", dizia um estivador ao microfone.
Os estivadores contestam a proposta de novo regime do trabalho portuário, que acusam de servir para precarizar as suas funções, pôr em risco os seus empregos e tornar os portos inseguros, ao permitir que pessoas sem qualificações específicas possam trabalhar na estiva.