A venda de veículos, como automóveis, deu um contributo importante para a subida das exportações, entre Julho e Setembro deste ano, que, por sua vez, fez aumentar a riqueza produzida em Portugal. A melhoria deste ano, contudo, não deverá impedir recessão em 2011.
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Com o investimento em queda e o consumo das famílias depressivo, têm sido as exportações a animar a economia. Entre Julho e Setembro, adiantou ontem o Instituto Nacional de Estatística (INE), o aumento das vendas ao estrangeiro deu "um contributo positivo" para o crescimento económico, que se cifrou nos 1,5% quando comparando com a mesma altura do ano passado, ou em 0,4% se comparado com o trimestre anterior.
A ajudar estiveram sobretudo as vendas das quatro fábricas de veículos de transporte existentes em Portugal, que aumentaram 212 milhões de euros (o maior, em valor), acelerando na parte final do ano, após um começo mais modesto. Mas muitos outros tipos de produto têm ajudado a aumentar as vendas ao estrangeiro.
Se as exportações ajudaram ao crescimento da economia, já a "procura interna" pesou na direcção oposta, em particular no que toca ao investimento.
Este ano cresce, mas em 2011...
O facto de a economia crescer graças às exportações foi salientado como positivo, ontem, quer pelo primeiro-ministro José Sócrates (os resultados são "muito animadores") quer por uma série de economistas, como Campos e Cunha, presidente da SEDES - Associação para o Desenvolvimento Económico e Social: "É um bom sinal", disse, esperando que "os mercados estejam atentos".
João Loureiro, professor da Faculdade de Economia do Porto, concorda que este é o tipo de desenvolvimento que mais convém ao país. "Só assim se pode reduzir o crónico défice da balança externa", que tem levado ao crescente endividamento do país, afirmou.
E a este ritmo, João Loureiro admite como possível a previsão de crescimento para este ano feita pelo Governo (1,3%) e pelo Banco de Portugal (1,2%). Mas só este ano, já que a globalidade dos economistas aponta para uma recessão em 2011, agravada pelo forte corte previsto no Orçamento de Estado. Para Loureiro, "não vale a pena ter ilusões: no próximo ano, deve-se esperar-se um crescimento negativo". Ou seja, recessão.
Em todo o caso, as dificuldades económicas inevitáveis com este orçamento não devem impedir a sua aprovação e, sobretudo, execução, defendeu, ontem, o economista Miguel Cadilhe. "Estamos nas circunstâncias que estamos e agora o mais importante é mostrar, perante os nossos credores externos, que Portugal é capaz de o executar bem", disse.
Maiores exportadores
Petrogal vende gasolina
Já no ano passado era a maior exportadora: a Petrogal produz mais gasolina do que o país consome e vende o restante. É preciso ter em atenção, contudo, que o crude é importado.
Autoeuropa
Os Volkswagen e Seat saídos de Palmela fazem da Autoeuropa o 2.º maior exportador. Já pesou 11% nas vendas, mas a crise fez baixar peso para 3,9%, em 2009 (não foi possível ter dados de 2010 em tempo útil).
Repsol destrona Soporcel
Do terceiro trimestre do ano passado para o deste ano, os produtos químicos para indústria da Repsol Polímeros saltou para o 3.º lugar do ranking, destronando o papel fabricado pela Soporcel, que agora está em 4.º.
Pneus da Continental Mabor
A fábrica de Famalicão lidera todo o grupo alemão Continental. Do 4.º lugar no ano passado saltou para 5.º.