As empresas das regiões de baixa densidade do Norte investiram 696 milhões de euros, na década entre 2007 e 2017, e receberam 398 milhões de incentivos da União Europeia.
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A larga maioria (82%) do dinheiro foi aplicada em setores de exportação, como o turismo, o automóvel, a metálica e o alimentar e bebidas. Mas no mapa da dinâmica empresarial da baixa densidade, vê-se que há ainda grandes manchas de território adormecidas.
Na leitura do mapa construído pela Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDR-N), constata-se que o investimento é mais intenso na fronteira com a Galiza, em torno da região onde estão vincados os setores tradicionais, em parte do Douro e em Bragança.
Território em branco
Fora destes polos, todavia, há largos espaços do território sem dinamismo empresarial. Nas regiões do Alto Douro, do Alto Tâmega e de Trás-os-Montes são raros os investimentos financiados pela Europa. É esta realidade que leva Freire de Sousa, presidente da CCDR-N, a falar dos "vários interiores" da Região Norte. "A usual divisão entre o litoral e a chamada baixa densidade é redutora. A baixa densidade não é uniforme, não pode ser tratada toda da mesma forma", afirmou, ao JN.
Agora que se está a desenhar o próximo quadro comunitário de apoio - o chamado Portugal 2030, que voltará a dar a Portugal fundos europeus para o investimento empresarial -, Freire de Sousa chama a atenção para a necessidade de políticas que permitam "pescar à linha", reconhecendo a cada região "os ativos específicos locais que podem ser potenciados" e criando "programas de apoio direcionados a esses ativos", sem perder a escala regional de planeamento.
Neste momento, a configuração do Norte 2020 (os fundos europeus geridos pela CCDR-N) só permite abrir avisos para o conjunto dos municípios que integram o mapa da baixa densidade. É o caso do concurso para áreas de acolhimento empresarial, aberto até setembro, que reserva 15 milhões de euros para municípios de baixa densidade e peso nas exportações da região inferior a 1%.
Uma gota no oceano
No balanço da década até 2017 (envolvendo o anterior e o atual quadro de financiamento europeu), os concelhos de baixa densidade do Norte receberam 398 milhões de fundos de Bruxelas, uma pequena fatia dos perto de dois mil milhões dados a empresas da região, só no anterior quadro financeiro.
Dos fundos investidos nos 52 concelhos de baixa densidade do Norte, Freire de Sousa salientou que a maioria enquadra-se nos setores indicados pela Estratégia de Especialização Inteligente.