A coordenadora da Frente Comum dos Sindicatos da Função Pública, Ana Avoila, acusou o Governo de ser "prepotente" e de "chantagear os portugueses" ao anunciar cortes nas despesas do Estado na saúde, segurança social e educação.
Corpo do artigo
Ana Avoila, que falava à agência Lusa a propósito da declaração de Pedro Passos Coelho, no domingo, a anunciar cortes nas despesas do Estado em áreas como a Educação ou Segurança Social, em detrimento do aumento de impostos, face ao "chumbo" do Tribunal Constitucional a quatro normas do Orçamento do Estado para 2013, salientou que os trabalhadores vão continuar a lutar.
"A declaração do primeiro-ministro vem demonstrar que a pessoa que está à frente do Governo (...) vem com total prepotência para a televisão chantagear os portugueses e ameaçar de que não olha a meios para atingir os fins", frisou.
No entender de Ana Avoila, o Governo está "numa posição que quer aproveitar até ao máximo, com o intuito de retirar direitos aos trabalhadores e transferir tudo o que puder para o grande poder económico".
De acordo com a coordenadora da Frente Comum, a justificação do primeiro-ministro para os cortes - que pretendem compensar o chumbo de quatro normas do Orçamento do Estado para 2013 pelo TC - não passa de um alibi para despedir pessoas.
"Um Governo que vem dizer que vai mexer na segurança social, cortar na educação e na saúde quando está fragilizado e numa altura em que o executivo e as pessoas têm menos dinheiro, é um governo que não serve ninguém que está ferido de morte, que está a jogar à defesa, mas que sabe que não pode continuar por esse caminho", disse.
Por isso, Ana Avoila, considera que aos trabalhadores não resta outra caminho que não o de continuar a lutar "com muita força e energia contra um Governo que está a levar o país para o abismo".
A coordenadora da Frente Comum lembrou que o país tem neste momento quase um milhão de desempregados e que três milhões vivem abaixo do limiar da pobreza.
"Ontem [domingo] muita gente confirmou o descaramento máximo de gente que está no poder e que, mesmo sabendo o que se passa, quer continuar com Cavaco Silva a dar cobertura a tudo. É impensável que Cavaco Silva [Presidente da República] tenha dito que este Governo vai estar quatro anos no poder, quando está a fazer o que está a fazer ao povo e a este país", argumentou.
Ana Avoila disse ainda que, "neste momento, está em curso uma marcha que vai decorrer até dia 13 - que acaba em Lisboa -, prevendo-se mais ações de luta no futuro.
A declaração do primeiro-ministro ao país aconteceu na sequência do chumbo do TC, anunciado na sexta-feira, de quatro normas do OE para 2013, referentes à suspensão do pagamento do subsídio de férias a funcionários públicos, aos contratos de docência de investigação e aos pensionistas e a criação de uma taxa sobre as prestações por doença e por desemprego.