O INESC TEC – Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores, Tecnologia e Ciência venceu um prémio europeu de inovação ao utilizar uma plataforma de inteligência artificial (IA) para melhorar a resposta nos cuidados de saúde, por exemplo para doentes com cancro ou Alzheimer.
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Em comunicado, o INESC TEC sublinha que é a primeira instituição portuguesa a conquistar o prémio atribuído pela EARTO com a tecnologia iLof. O prémio foi entregue quinta-feira em Bruxelas por aquela associação europeia de organizações ligadas à ciência e à tecnologia que, anualmente, destaca contribuições inovadoras e com elevado impacto social através de duas categorias: impacto entregue e impacto esperado.
"O INESC TEC é a primeira instituição portuguesa a conquistar este prémio atribuído na categoria 'impacto esperado', reforçando o seu papel como maior instituição de investigação e desenvolvimento de engenharia, em Portugal, e um dos principais centros do país dedicados à transferência de tecnologia de inovações digitais", refere o instituto de I&D.
Em detalhe, explica que o prémio foi atribuído à tecnologia “intelligent Lab-on-a-Fiber “(iLof), que nasceu nos laboratórios do INESC TEC pelas mãos dos investigadores deste instituto e da Universidade do Porto, Joana Paiva, João Paulo Cunha e Pedro Jorge.
Com a tecnologia iLof, "as impressões digitais biomoleculares obtidas pela tecnologia abrem a porta à medicina personalizada com diagnósticos e tratamentos mais precisos e ajustados às necessidades daquele grupo de doentes", lê-se no comunicado. E, "para além do impacto direto que esta solução tem quer para pacientes, em doenças como a de Alzheimer ou o cancro, quer para profissionais de saúde, há ainda o potencial de utilização noutros setores, já que a deteção precisa de micro e nano partículas é relevante em muitas áreas de aplicação".
"De facto, a deteção de micro e nano alvos é fundamental para o desenvolvimento de medicamentos, ensaios clínicos, diagnósticos e outros subdomínios do conceito OneHealth (uma só saúde). No entanto, as soluções atuais apresentam uma baixa eficiência económica e induzem um desconforto desnecessário nos doentes, o que pode ser consideravelmente melhorado com a inovação iLoF", explica ainda o instituto português. Garante que esta solução tem um custo baixo e reduz, em pelo menos 40%, os custos de ensaios clínicos e até 70% o tempo de triagem, "o que significa que – quando aplicado à área da saúde – pode tornar o processo mais acessível e eficiente".
Mas, segundo o INESC TEC, "a grande vantagem desta tecnologia é que não se esgota na área da saúde – onde pode, de facto, vir a transformar uma série de processos de bioengenharia".
Explica ainda que a tecnologia iLof pode ter impacto no mercado global da medicina personalizada, que está avaliado em mais de 500 mil milhões de euros. Solução que "beneficia não só pacientes – ao melhorar a precisão de diagnósticos -, mas cria também oportunidades para novas tecnologias no setor farmacêutico, reduzindo barreiras de entrada e fomentando um maior crescimento económico".
O instituto agora premiado considera que a tecnologia iLof, ao utilizar uma plataforma de IA, "tem o potencial de revolucionar os cuidados de saúde, na medida em que, ao ter a capacidade de gerar impressões digitais óticas precisas a partir de amostras de sangue, simplifica o processo e a experiência do paciente e reduz todos os custos associados a ensaios clínicos ou triagens".
"Espera-se agora que a spin-off [nova empresa] do INESC TEC iLoF lance uma solução comercial baseada na tecnologia com o mesmo nome para ensaios clínicos nos próximos três anos. Esta spin-off já realizou testes pré-comerciais com sucesso com uma grande farmacêutica, durante os quais conseguiu quantificar alguns dos potenciais benefícios da tecnologia iLoF", adianta ainda.