O presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, reconheceu que a proposta do Orçamento do Estado (OE) para 2023 foi construída em "tempos difíceis" e "com muitas imprevisibilidades". O chefe de Estado reconhece, no entanto, que o Governo "está otimista" quanto à inflação mas que "respeita" as contas do Executivo e diz ainda que, se estiverem certas, ficará "muito contente".
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Para Marcelo Rebelo de Sousa, a proposta de OE para 2023 "tira proveito" daquilo que aconteceu em 2022: "a primeira parte correu bem, economicamente, com o turismo". "Até ao outono [a gestão em duodécimos] permitiu criar uma almofada para utilizar em final de 2022 e em 2023", considerou o presidente da República, em declarações aos jornalistas em Lisboa.
"Este orçamento é um orçamento em tempos difíceis. Não vale a pena negar", considerou o presidente da República, referindo ainda a pandemia de covid-19 e as consequências da guerra na Ucrânia. Por isso, Marcelo Rebelo de Sousa admitiu que "o Governo tem uma leitura da inflação que é relativamente otimista e acha que vai começar a descer". "Eu não concordo. Há quem concorde", reconheceu.
"Ninguém tem certezas. Há países, no espaço da OCDE - Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico -, onde a inflação já começou a descer. Há outros que não. Portanto, o Governo acha que provavelmente em Portugal a inflação irá descer, daí não ir tão longe. Mas, ao mesmo tempo, pensa que, em relação aos salários públicos [um eventual aumento], que isso iria desequilibrar mais as contas públicas. É este equilíbrio que acaba por não agradar a gregos nem a troianos", clarificou Marcelo Rebelo de Sousa.
"Tenho de reconhecer que as previsões do Governo são mais otimistas do que aquelas que eu tinha. Não há nada como esperar para ver se o Governo tem razão. Se não tiver razão, então eu naturalmente estou atento com alguma parte do meu pessimismo", acrescentou.
Críticas da Oposição são "naturais"
Quanto às críticas feitas pela Oposição ao longo desta segunda-feira, o presidente da República considera serem "naturais". "O que a Oposição diz é o que naturalmente se espera que diga: no curto prazo, queríamos mais, em termos salariais ou de rendimentos, baixa de impostos, e no médio prazo não adianta muito. É aquela crítica que em toda a Europa as oposições estão a fazer quanto aos orçamentos", considera o chefe de Estado.
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