Enquanto o presidente do Conselho Europeu, Herman Van Rompuy, desvalorizou, esta terça-feira, em Lisboa, a descida do rating da dívida portuguesa por parte da agência de notação financeira Moody's, Passos Coelho foi dizendo que as medidas anunciadas pelo Eurogrupo e Ecofin são positivas, mas podem ser insuficientes.
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Pedro Passos Coelho defendeu que é preciso "uma resposta europeia que seja robusta e rápida para um problema sistémico que atinge hoje toda a União Europeia (UE)".
O primeiro-ministro assumiu esta posição numa declaração aos jornalistas, no final de um encontro de cerca de uma hora com o presidente do Conselho Europeu, Herman Van Rompuy, na residência oficial de São Bento, em Lisboa.
"Do nosso ponto de vista, as medidas que foram até à data enunciadas, sendo extremamente positivas, podem não ser suficientes para corresponder à urgência de encontrar uma resposta global no seio da UE que ponha termo à volatilidade e à forte instabilidade que se tem vivido", disse.
Passos Coelho manifestou, contudo, "muita satisfação" pelas notícias saídas da reunião do Eurogrupo de segunda-feira e da reunião de ministros das Finanças (Ecofin) realizada hoje.
"Uma maior flexibilidade dos mecanismos associados ao fundo de estabilização financeira são notícias positivas, que poderão permitir uma melhor resolução de algumas das situações de crise que conhecemos", considerou.
Numa conferência de imprensa após as duas reuniões desta terça-feira com Cavaco Silva e com Pedro Passos Coelho, Rompuy salientou que o programa de reformas português é ambicioso e está dirigido ao "coração dos problemas", interessando mais o esforço do Governo do que aquilo que é dito pelas agências de notação.
O responsável europeu reconheceu que o caminho da recuperação é difícil e requer políticas impopulares, mas que as medidas apresentadas pelo Governo devem ser implementadas para que o país consiga sair da crise em que se encontra.
Ainda assim, o presidente do Conselho Europeu salientou na conferência de imprensa conjunta com Pedro Passos Coelho que as medidas de austeridade têm também de promover o emprego e o crescimento económico do país.
Rompuy lembrou ainda que "cada país é diferente", numa referência aos problemas da Grécia, que se teme que possam atingir Portugal. O holandês deixou ainda uma mensagem aos EUA, lembrando que a média dos défices da zona euro é inferior ao dos norte-americanos.
Passos Coelho disse ter transmitido a Van Rompuy "toda a colaboração do Governo português para que as medidas que no exercício da sua missão ele considerar necessárias para obter essa resposta europeia possam ser obtidas".
No final deste encontro, o primeiro-ministro fez questão de reafirmar o empenho de Portugal em "garantir a consolidação fiscal e todas as metas" previstas no programa de ajustamento financeiro acordado com a UE e com o Fundo Monetário Internacional (FMI).
"O caminho que Portugal está a fazer não pode ser senão reforçado depois dos últimos acontecimentos que tiveram lugar, quer a propósito da chamada dívida grega, quer a propósito do que se tem passado em sequência da decisão da agência de 'rating' Moody's relativamente a Portugal", acrescentou.