O ministro das Finanças alemão, Wolfgang Schäuble, apelou, esta quarta-feira, à Grécia, para "clarificar nas suas posições" antes de eventuais novas negociações sobre o saneamento do país e considerou que atualmente "não há base" para debater com seriedade.
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"Tudo isso não constitui uma base para debater medidas sérias", declarou Schäuble em Berlim durante uma conferência de imprensa sobre o Orçamento de Estado alemão, adiantando que "é por isso que a Grécia deve a partir de agora clarificar as suas posições sobre o que quer verdadeiramente e depois falaremos, num contexto que se degradou nitidamente".
O ministro alemão reiterou que o último programa de ajuda da Grécia expirou na terça-feira à noite e que em nenhum caso seria possível o país "agarrar-se ao 'statu quo ante'".
"As condições mudaram completamente, estamos numa situação completamente diferente" da de há alguns dias, afirmou. Assim, qualquer nova ajuda deve ser aprovada pelo Mecanismo Europeu de Estabilidade (ESM, siglas em inglês), que obedece a regras diferentes das do Fundo Europeu de Estabilidade (FESF, siglas em inglês), que concedia até agora os créditos a Atenas.
Schäuble considerou ainda que as informações provenientes de Atenas "prestavam-se à confusão", designadamente sobre o referendo que o governo de Alexis Tsipras anunciou para domingo. De qualquer forma, "seja para o rejeitar ou para o aceitar", o objeto deste escrutínio "já não existe, nunca existiu, mas se alguma vez existiu, já não existe", referiu.
Na véspera, o ministro da Economia alemão, o vice-chanceler Sigmar Gabriel, apelou à Grécia para anular o refendo para poder retomar as negociações.
Entretanto, Atenas indicou que fez um novo pedido aos parceiros europeus, que inclui "uma série de correções" às reformas e cortes orçamentais postos em cima da mesa das negociações pelas instituições (BCE, FMI e Comissão Europeia) na semana passada e novos financiamentos do ESM.
"Nós estamos numa situação verdadeiramente difícil", constatou Schäuble, "mas exclusivamente devido ao comportamento dos responsáveis da Grécia, incompreensível para todos".