Alexis Tsipras está preparado para aceitar todas as condições que estavam em cima da mesa este fim de semana, desde que haja apenas algumas pequenas alterações, escreve o "Financial Times", que cita uma carta enviada aos credores, na terça-feira à noite, pelo primeiro-ministro grego. Tsipras vai falar ao país esta quarta-feira.
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Na carta de duas páginas, publicada pelo económico britânico, Tsipras desenvolve os pedidos, conhecidos na terça-feira, de extensão do resgate que terminou ontem e de um novo plano de ajuda. A missiva foi enviada à Comissão Europeia, ao FMI e ao Banco Central Europeu.
O pedido de extensão do plano de ajuda, cujo prazo acabou ontem, foi recusado, mas, segundo o "Financial Times", os pontos da carta poderão servir como base de discussão para um novo resgate, o terceiro desde o início da crise das dívidas soberanas.
O executivo helénico confirmou depois a informação, embora sublinhando que a contraproposta grega contém alterações ao que é proposto pelos credores. "O Governo enviou às instituições uma nova proposta acompanhada por uma carta de Alexis Tsipras. Os artigos da imprensa que asseguram que o Governo aceitou a proposta completa das instituições não são exatos", disseram fontes do governo.
A carta refere explicitamente que o governo está preparado para aceitar a proposta divulgada pela Comissão Europeia no dia 28 de junho, mas sujeita a algumas condições e melhoramentos que "respeitam integralmente a robustez e credibilidade do programa global".
Atenas diz que vai aceitar as reformas no IVA, desde que haja um desconto de 30% para as ilhas gregas, muitas das quais estão localizadas em zonas remotas e de difícil acesso, o que torna automaticamente a distribuição de bens mais cara.
Tsipras sugere reduzir as despesas militares em 200 milhões até 2016 e 400 milhões em 2017, acabar com a diferenciação fiscal para agricultores até ao fim de 2017 e aumentar gradualmente os pagamentos por conta para os empresários individuais.
Propõe igualmente nova legislação laboral para o outono de 2015 e um "ambicioso pacote de reformas" que incluiu o setor do turismo, bebidas e produtos petrolíferos, abertura de atividades até agora restritas como notários e oficiais de justiça e liberalização dos ginásios, seguindo as recomendações da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico).
Sobre as pensões, matéria que tem provocado graves celeumas entre credores e o Governo grego, Tsipras pede que as mudanças para mudar a idade de reforma para os 67 anos até 2022 não tenham efeito já, como pedem os credores, mas antes que aconteçam apenas a partir de outubro.
O primeiro-ministro grego pede também que a pensão de solidariedade que o sistema grego atribui aos mais pobres, que concorda que seja retirada faseadamente até final de 2019, seja diminuída a um ritmo mais lento.
Merkel recusa negociar antes do referendo
Hje vai haver reunião do Eurogrupo sobre a questão grega, mas Angela Merkel já fez saber que não poderá haver negociações para um novo programa de assistência à Grécia antes de se saberem os resultados do referendo. E lembrou que não pode discutir um terceiro resgate sem aprovação do parlamento alemão, o Bundestag.
O Presidente francês, por seu turno, apelou à Grécia e ao Eurogrupo para que alcancem um acordo "agora", de forma a evitar o referendo convocado por Atenas para o próximo domingo.
O chefe de Estado francês disse que, "caso não haja acordo, o referendo terá lugar com todas as consequências possíveis", o que inclui o risco de "entrar num período de turbulência".