O Nobel da Economia de 2010 Christopher Pissarides considera que "este Governo [grego] não tem feito muito" e defende que os gregos deviam ter a oportunidade de se pronunciarem "em referendo" sobre o rumo que querem para o país.
Corpo do artigo
Questionado pela Lusa, numa entrevista à margem do II Fórum do Banco Central Europeu (BCE), que decorreu na semana passada num hotel em Sintra, Christopher Pissarides disse que, neste momento, as negociações entre Bruxelas e Atenas estão "num ponto em que é difícil ver alguma das partes a desistir".
"Na Grécia, dizem que não vão ter um terceiro programa [de resgate] e as instituições europeias estão a dizer que não vão empresar dinheiro se não houver um terceiro programa", resumiu o economista, defendendo a necessidade de "acontecer alguma coisa importante, como um referendo em que as pessoas possam decidir" o que pretendem para o país.
Recordando que o Governo helénico "foi eleito com uma agenda em que diziam 'não queremos mais programas'", o economista entende que o executivo "tem de perguntar outra vez" à população, destacando que "este Governo não tem feito muito [e que] tem havido alguma inação".
Questionado sobre se a Europa sobreviverá a uma eventual saída da Grécia da moeda única, Pissarides afirmou que seria uma situação que "era possível gerir, mas [que] não era bom para a união no futuro".
Isto porque - explicou - a zona euro "já não seria vista como uma união monetária mas como uma zona de câmbios fixos, em que os países podem ficar ou não ficar se pagarem ou não pagarem".
Em 2014, a economia da Grécia cresceu 0,8%, ao fim de seis anos consecutivos de recessão económica. Nesse ano, a dívida pública atingiu os 177,1% do Produto Interno Bruto (PIB) e o défice orçamental foi de 3,5%.
Christopher Antoniou Pissarides é um economista nascido em Nicósia, em Chipre, e atualmente é professor na London School of Economics, na capital do Reino Unido. A sua investigação abrange várias áreas da economia, nomeadamente trabalho, crescimento económico e políticas públicas.
Em 2010, foi laureado com o Prémio Nobel da Economia, juntamente com Peter A. Diamond e com Dale Mortensen.