Partir telemóvel ou perder sapatos. O caos de entrar num comboio em dia de greve
Os passageiros da CP na Linha de Sintra viveram momentos de caos ao entrar nos poucos comboios que circulavam esta manhã na direção de Lisboa. Na estação do Cacém, centenas de pessoas esperavam na plataforma de embarque por comboios esta sexta-feira.
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Entre as oito e as nove horas, nenhum comboio passou na estação em direção a Lisboa e os que lá se dirigiram com a esperança de apanhar o que vinha de Caldas da Rainha às oito horas desesperaram ao ouvir o repetido anúncio do seu atraso. "Já se torna uma rotina esta espera", contou ao JN Amélia Santos, que esperava sem alternativas. "O meu patrão já sabe que chego atrasada por causa da greve, tenho a sorte que percebe", acrescenta.
Moradora no Cacém já assistiu a várias situações de desespero e esteve no comboio que parou durante uma hora entre Sete Rios e Benfica na semana passada. "Esse foi o pior dia, via pessoas a desmaiar dentro da carruagem, em pânico e desesperadas até que as portas se abriram e tivemos que caminhar a pé até à estação de Benfica", lamenta.
Esta não é a única situação caótica que Amélia Santos viveu no comboio durante a greve da CP. "Já parti o telemóvel ao entrar no comboio, tal era o caos de pessoas a tentar entrar".
Três amigas, Vera Gonçalves, Stela Silva e Elvira Santos esperavam também pelo comboio proveniente de Caldas da Rainha. Trabalhadoras em Lisboa, não têm alternativa ao comboio, visto que "os autocarros ficam parados no IC19 e os táxis são muito caros e apanham o mesmo trânsito".
As histórias que contam sobre a tentativa de entrada nos comboios lotados impressionam, mas para as passageiras já são normais. "Vi um rapaz a perder os sapatos quando entrou e dizer que o importante era estar no comboio, os sapatos comprava depois", referiu Elvira Santos.
À medida que o tempo passava e nenhum comboio chegava, muitos decidiram recorrer aos serviços de transporte TVDE. "São muito caros, mas não tenho alternativa, tenho que levar a minha filha à escola e depois ir para o trabalho", lamentava João Gomes.
O custo das viagens entre Cacém e Sintra situava-se entre os 15 e 20 euros, valor que as próprias apps eletrónicas anunciavam como superior ao normal devido ao aumento da procura.