Pires de Lima diz que há condições para chegar a "acordo bom" sobre salário mínimo
O ministro da Economia, António Pires de Lima, considerou, esta quarta-feira, que há condições para se "poder, eventualmente, chegar a um acordo bom" sobre o aumento do salário mínimo nacional no final deste ano ou no início do próximo.
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Pires de Lima foi ouvido na comissão parlamentar da Economia e Obras Públicas.
Questionado pelo PSD sobre o salário mínimo, o governante sublinhou que é necessário "separar a questão sobre eventual incremento [do salário mínimo] do momento eleitoral das europeias", tal como já foi defendido pela UGT.
"Temos hoje condições para conversar e, mais do que conversar, poder eventualmente chegar a um acordo bom para aumentar o salário mínimo no final de 2014 ou no princípio de 2015", disse o ministro, cuja audição durou cerca de quatro horas.
Pires de Lima lembrou que a troika "vai sair de Portugal no dia 17 maio" e que o "desemprego em Portugal esta a dar mostras de estar a cair", embora tenha reconhecido que "ainda é muito alto", já que ascende aos 15,3%.
"Há muita gente a sofrer por não ter um emprego em Portugal, ainda assim iniciámos uma trajetória descendente desde março de 2013", disse, acrescentando que atualmente é "exequível, em sede de Concertação Social" iniciar as conversações sobre o salário mínimo nacional (SMN).
Questionado sobre quanto deveria ser o aumento, o governante escusou-se a avançar "com projeções sobre o que pode ser".
O salário mínimo "é uma referência" para muitas empresas e "é seguramente uma boa notícia" que se inicie uma discussão sobre o tema, "fora do período eleitoral das eleições europeias", reiterou o ministro.
Na audição, Pires de Lima destacou o setor do turismo, "que tem sido desvalorizado", mas que tem vindo a crescer. "Choveu, choveu, choveu", mas "o turismo não parou de crescer em janeiro e fevereiro", sublinhou o ministro, arrancando alguns sorrisos da oposição.
Apontou que as exportações, consumo privado e investimento são os três "motores" da economia portuguesa.
Sobre as exportações relativas aos dois primeiros meses do ano, Pires de Lima disse que "estão a evoluir ao ritmo" que era esperado pelo Governo e salientou que o nível de importações neste período se deveu "fundamentalmente por um efeito em janeiro, que tem a ver com a compra de automóveis e outros equipamentos".
No caso da compra de equipamentos, o ministro admite "que possa ter a ver com uma certa trajetória de investimento", adiantou.
Destacou ainda a candidatura do projeto de investimento da Volkswagen Autoeuropa, no valor de 670 milhões de euros, aos quais se soma um conjunto de 15 a 20 empresas multinacionais que anunciaram investimentos em centros de competência em Portugal no primeiro trimestre.
Sobre o novo regime jurídico de acesso e exercício de atividades de Comércio, Serviços e Restauração (RJACRS), que entre outras medidas abre a possibilidade das misericórdias e Instituições Particulares de Solidariedade Social (IPSS) poderem realizar atividade funerária, Pires de Lima afirmou que "não há diminuição de custos de contexto que não tenham as suas críticas".
Isto porque o novo documento, que simplifica procedimentos e anula algumas taxas, mexe "com interesses instalados e forças administrativas que se sentem prejudicadas".
António Pires de Lima lembrou que o Governo ouviu todas as entidades durante dois a três meses, apontando que o objetivo não era fazer um documento "inócuo".