Portas aponta o dedo à troika: "tinham opiniões sobre tudo e nada sabiam do BES?"
O vice-primeiro ministro Paulo Portas admitiu, esta terça-feira à tarde, na comissão parlamentar de inquérito ao caso BES/GES, que houve várias falhas na supervisão e na regulação no caso BES, mas apontou também o dedo à troika, que acompanhou o sistema financeiro português durante três anos.
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"Nunca, em reuniões em que eu estivesse presente, a troika revelou preocupações especiais sobre o BES. E a troika tinha opiniões sobre tudo. Se tinha, guardava-as para o governador", disse, numa reposta a uma pergunta do deputado do PSD, Duarte Pacheco.
Um pouco depois, o vice-primeiro-ministro voltou à carga. "Há certamente falhas na administração do banco, porque se não isto não tinha acontecido; no sistema de controlo do banco, porque se não tinha sido detetado; nas auditoras, que assinaram por baixo; na regulação, que descobriu mas não evitou o que se veio a passar; na dessintonia entre Banco de Portugal e a CMVM, que fica mal a ambos e mesmo nas atividades da troika junto do sistema financeiro. Tinham opiniões sobre tudo, e não tiveram sobre esta matéria?", perguntou, deixando claramente uma crítica, mas ilibando o Governo de quaisquer responsabilidades, como notaram alguns deputados.
O vice primeiro-ministro disse estar "muito curioso" para ler o relatório desta comissão parlamentar de inquérito e as propostas que dela vão surgir, para evitar que um novo caso BES volte a acontecer em Portugal.
"Com toda a franqueza, acho que tem de haver lições aprendidas. E há um clamor na Opinião Pública de que as coisas não podem continuar a acontecer como têm acontecido", disse.