A reunião que Ricardo Salgado pediu ao vice-primeiro ministro, Paulo Portas, no dia 20 de maio de 2014, foi para lhe falar sobre a situação que estava a ser vivida pelo Grupo Espírito Santo e pedir "apoio institucional" do Governo.
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Na reunião, em que Salgado foi acompanhado por José Onório e José Manuel Espírito Santo, o memorando em cima da mesa versava sobre o Grupo Espírito Santo.
"Acho importante que no âmbito de uma Comissão de Inquérito haja uma definição rigorosa do perímetro", disse Paulo Portas, Acho importante que, no âmbito de uma comissão de inquérito, haja uma definição rigorosa do perímetro", disse, Paulo Portas, esta terça-feira, em resposta à deputada do BE Mariana Mortágua, no arranque da sua audição no Comissão de Inquérito ao caso BES.
A deputada perguntou a Portas se Ricardo Salgado usou o argumento do "risco" que uma falência do GES poderia ter no BES, ou seja, se havia um risco sistémico para o banco. "Creio que essas matérias estão referidas de forma genérica nas cartas que foram escritas ao governador", respondeu o vice-primeiro-ministro.
Portas referia-se à carta com críticas a Carlos Costa que também lhe foi mostrada nesse encontro. "Não tenho memória que a questão tenha sido colocada dessa maneira", disse, recusando que Salgado o tivesse alertado para o risco de contágio ao banco.
Segundo Paulo Portas, Salgado pretendia que o Governo interviesse junto da Caixa Geral de Depósitos no sentido de ajudar o GES. "Sempre foi matéria consensual dentro do Governo que não é legal e não é correto dar instruções a um banco que é público, mas que tem uma administração que é independente", disse.
Sobre a medida de resolução, que o Banco de Portugal decidiu aplicar ao BES depois de serem conhecidos os seus prejuízos e lhe ter sido retirado pelo Banco Central Europeu o estatuto de contraparte, Portas insiste que foi a melhor solução possível.
"Para que a solução de recapitalização fosse possível era preciso tempo. Sexta-feira o BCE retira o estatuto de contraparte, a partir desse dia o BES deixou de ter tempo. Não era compaginável com a situação de emergência que estava criada", disse o vice-primeiro-ministro.
Segundo Paulo Portas, só havia três opções para lidar com a situação: a nacionalização, a recapitalização ou a aplicação da medida de resolução, que veio a ser a escolhida pelo Banco de Portugal. Para Portas a nacionalização estava fora de causa, até pelo que aconteceu com o BPN, "que custou milhares de milhões de euros aos contribuintes".
"Na nacionalização paga o contribuinte. Na resolução pagam os accionistas, os credores subordinados e, se houver necessidade, o restante sistema financeiro", disse Portas, justificando a opção do BdP.