Portugal colocou, esta quarta-feira, três mil milhões de euros de dívida a três, seis e 12 meses, pagando juros mais baixos em todas as maturidades e abaixo dos 4% a três meses pela primeira vez em quase um ano.
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De acordo com os dados do Instituto de Gestão da Tesouraria e do Crédito Público (IGCP), Portugal colocou o montante máximo indicativo de três mil milhões de euros devido à "procura específica de investidores".
Na linha de Bilhetes do Tesouro, que vence a 18 de Maio, Portugal colocou apenas 300 milhões de euros, com a taxa de juro média a fixar-se nos 3,845%, abaixo dos 4,068% registados no último leilão, com prazo semelhante e caindo abaixo da barreira dos 4% pela primeira vez desde Março de 2011.
Destaque ainda para a procura que foi de 10,3 vezes a oferta, um valor muito acima da maioria das operações.
Na linha com maturidade, a 17 de Agosto deste ano, Portugal colocou 1200 milhões de euros a uma taxa de juro de 4,332%, também abaixo dos 4,463% registados no último leilão para um prazo semelhante. A procura foi de 2,5 vezes a oferta.
Na linha com maturidade a 12 meses, que vence a 22 Fevereiro, mais uma estreia depois de vários meses a emitir apenas para os prazos mais curtos e de no mês passado ter colocado dívida a 11 meses, Portugal conseguiu colocar metade do valor total, 1500 milhões de euros.
Por estes 1500 milhões de euros Portugal irá pagar uma taxa de juro de 4,943%, abaixo dos 4,986% que haviam sido colocados na linha com maturidade a 11 meses, com a procura a ser o dobro da oferta.
Num comentário à operação, o gestor do mercado de dívida do Banco Carregosa, Filipe Silva, destaca a queda das taxas de juro em todas as maturidades como uma "clara indicação dos investidores de que atribuem, neste momento, menos risco à dívida portuguesa" e que o Estado está a ganhar tempo com emissões a mais longo prazo.
"Apesar de uma queda significativa na taxa de juro para se endividar a 3 meses, o Estado está a optar por emitir mais dívida num prazo mais longo, ou seja, o Estado prefere ganhar tempo, emitindo maior montante a 12 meses, mesmo pagando uma taxa mais alta. Com estes leilões as necessidades de financiamento para este trimestre estão satisfeitas. A grande tendência revelada por estas operações é a de que o risco de Portugal está a baixar", afirmou.