A baixa das taxas de juro desde 2015 tem significado rendimento de poupanças em instrumentos tradicionais, como os depósitos a prazo, inferiores à inflação.
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Por cada mil euros depositados naquele ano, fazendo a conta à inflação prevista pelo Banco de Portugal (BdP) para este ano, os portugueses estão a perder 5,19€ antes de impostos sobre os juros. Depois de anos a incentivar a poupança, a presidente do Banco Central Europeu pediu aos europeus que consumam, em vez de poupar, para incentivar a retoma económica pós-pandemia. Quem preferir continuar a poupar, vai ter de arriscar para ter rendimento.
De acordo com o BdP, em agosto, os depósitos de particulares chegaram a 169,3 mil milhões de euros, dos quais 3746 milhões em novos depósitos a prazo, com taxa de juro média de 0,05%. A previsão do BdP para a inflação deste ano é de 0,9%, o que significa que quem deixar dinheiro no banco está a pagar por isso.
"Mesmo os certificados de aforro estão a oferecer apenas 0,3% líquidos [série E de setembro de 2021, com juros brutos de 0,45%]", apontou António Ribeiro, economista da Deco/Proteste. Os novos certificados do Tesouro Poupança Mais, lançados há cerca de um mês, oferecem pouco mais: uma média anual líquida de 0,7%, ao fim dos sete anos.
Não é suficiente para vencer o avanço da inflação. António Ribeiro diz que, para rentabilidade mínima e capital seguro, só pode aconselhar os seguros PPR (ler mais ao lado). "O meu conselho é que mantenham o mínimo em produtos de capital garantido e que comecem a pensar em investir algum, mesmo com algum risco, nos fundos de investimento", resumiu o especialista.
O mundo dos fundos de investimento não é para amadores, mas nada há a recear se procurar aconselhar-se junto de quem sabe. Tiago Gaspar, responsável pela análise e seleção de Fundos de Investimento do Banco Carregosa, explica que, em primeiro lugar, os investidores devem escolher o tipo de risco a que desejam estar expostos, sendo certo que, habitualmente, quanto maior o risco, maior a rentabilidade.
Rentabilidade e risco
"Não esquecer que volatilidade não é risco. Volatilidade mostra que a opinião dos investidores sobre determinado ativo varia muito (variando consigo o seu preço). Mas as alterações de preço em nada dizem sobre a qualidade (ou falta de qualidade) do ativo", explica, ainda, sintetizando por que motivo este tipo de investimento deve ser de médio a longo prazo, sem grande ansiedade nos valores que atinge diariamente.
A regulação europeia (UCITS) "é bastante exigente", pelo que, apesar de o capital não ser garantido, o potencial de perda permanente do investimento será baixo. Além disso, rentabilidades passadas não asseguram rentabilidades futuras, aponta o fundo Save And Grow, lançado recentemente pela Casa de Investimentos. Está a render 34,9% desde outubro de 2020, mas apenas 17% este ano.
Outras opções
Seguros PPR
Com capital garantido, têm rentabilidades menores do que os fundos PPR, mas há alguns com rendimento mínimo garantido. É o caso do Lusitania Poupança Reforma PPR, da Lusitania Vida, que oferece 1,5% brutos anualmente, mas que rendeu 3,1% em cada um dos últimos três anos, segundo a Deco/Proteste.
ETF
São os mais arriscados, mas também os que têm maior potencial de elevada rentabilidade. A Deco/Proteste não recomenda que se invista mais de 5% das poupanças nestes "Exchange Traded Funds", dos quais dá como exemplo um que investe em inteligência artificial e que, nos últimos 12 meses, rentabilizou 54,5%.
Fundos PPR
Nos últimos 12 meses, tiveram ganhos médios de 8%, que chegaram a 15,5% no caso dos mais "arriscados" que investiram em Bolsa, segundo contas da Proteste.
Criptomoedas
Muitos defendem que é o investimento mais rentável do momento e praticamente todos sabem que é o mais arriscado: num dia, a bitcoin já desvalorizou 50% (22 de fevereiro deste ano), mas nos últimos 12 meses valorizou um total de 109%. Quem aposta nestes ativos deve informar-se, uma vez que se arrisca a perder todo o investimento.