O PS afirmou hoje, quarta-feira, que, depois de os trabalhadores portugueses cumprirem "o seu direito constitucional à greve", deve iniciar-se uma nova fase de "diálogo" entre o Governo e os parceiros sociais na "construção de soluções" para Portugal.
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"O PS considera que hoje os trabalhadores portugueses cumpriram o seu direito constitucional à greve e que, a partir de hoje, há uma outra dimensão que se abre para os trabalhadores portugueses, que é a consciência que temos de construir provavelmente em sede de concertação social, porque é a sede onde se constrói também a paz social em Portugal, um novo rumo para uma situação de crise muito violenta que atinge Portugal", disse a deputada Maria José Gamboa.
A deputada do PS falava aos jornalistas no Parlamento sobre a greve geral convocada pelas duas centrais sindicais, CGTP e UGT. Questionada sobre a quem deve pertencer a iniciativa de estabelecer esse diálogo, a deputada socialista considerou que a responsabilidade pende sobre ambas as partes: executivo e parceiros sociais.
"Eu acho que o ponto de partida pode ser de qualquer um: já assistimos a que o Governo convoque parceiros sociais e também já assistimos a que os parceiros sociais convoquem o Governo para a construção de soluções. A parceria é exactamente isso, o Governo não tem aqui mais andamento que os parceiros sociais, que são absolutamente determinantes na construção de uma solução colectiva", advogou.
Maria José Gamboa não comentou directamente os níveis de adesão à greve geral, referindo ainda não existirem dados finais, e considerou que, "às vezes, os números não são muito importantes". Segundo a deputada, "mais importante o sentido que os trabalhadores colocam no dia de hoje em relação ao que os ameaça, os trabalhadores provavelmente quiseram falar menos da sua situação em Portugal e falar mais da sua situação na Europa, porque hoje Portugal não é ameaçador para os trabalhadores portugueses, hoje o contexto da Europa é que é absolutamente ameaçador para Portugal e para os trabalhadores", disse.
Questionada sobre se a greve não assenta directamente nas medidas de austeridade propostas pelo Governo, Maria José Gamboa disse que estas "se inserem num conjunto de medidas de austeridade" aplicadas em toda a Europa.