Suspensão de atividade até um ano reduz despesas. Associações pedem fundo para reativar o setor.
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Há taxistas a entregar as licenças às câmaras e a suspender a atividade para reduzir as despesas mensais. A pandemia levou a quebras de faturação na ordem dos 80%. Uma perda dramática de clientes sentida sobremaneira nos centros urbanos, como Lisboa e Porto. A Federação Portuguesa do Táxi (FPT) e a ANTRAL denunciam o facto de o setor não ser abrangido pelo crédito para as empresas criado pelo Governo e defendem a criação de uma linha de reativação da atividade, com apoio de 80% a fundo perdido.
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A suspensão das licenças de táxi está prevista na lei desde janeiro de 2019 e pode ser de um ano. "Sem licença, o taxista não pode trabalhar. Não tem direito a subsídio de desemprego, mas foge aos encargos. Ao depositar a licença na câmara, pode dar baixa da atividade nas Finanças e dar baixa do seguro, recebendo um estorno", explica Carlos Ramos ao JN. O presidente da FPT sublinha que a suspensão é temporária e, se o negócio melhorar, pode reaver a licença a qualquer momento.
"Enquanto os hotéis e os aeroportos não abrirem, vai ser difícil. Os clientes portugueses não chegam. O turismo é essencial para este setor mexer, senão vamos todos à falência", lamenta Carlos Ramos, lembrando os colegas de profissão que estão a dar os passos necessários à entrega das licenças no "Porto, em Lisboa e em Sintra". Florêncio Almeida, da ANTRAL, tem nota de casos de suspensão no "Norte e no Alentejo".
"Com a concorrência agressiva das plataformas [de TVDE], a que acresce esta crise, a situação piorou. Nas aldeias, ainda há quem vá circulando de táxi, embora com menor frequência. As quebras maiores são nos centros urbanos de Lisboa e do Porto. As pessoas têm medo e preferem usar o seu carro", relata Florêncio Almeida.
reuniões com partidos
Ao JN, o município do Porto confirma, para já, um caso de suspensão de licença. Em Sintra, ainda não há pedidos formalizados. Porém, atenta às dificuldades económicas do setor e para garantir que o concelho continuará a ter este serviço, a Câmara atribuiu 105 mil euros à Cooperativa de Táxis Linha de Sintra e um apoio de 850 euros a cada taxista.
As duas associações do setor, que estão a reunir com os grupos parlamentares e solicitaram uma audiência ao Ministério do Ambiente, pedem ajuda financeira para se reerguerem. A linha de crédito do Governo deixou os táxis de fora.
Baixar valor das apólices
"Os bancos têm-nos respondido que o CAE dos táxis não está previsto na legislação e, por isso, não temos direito a nada. É preciso apoio para reiniciar a atividade, pagar às centrais e às seguradoras e ter um fundo de maneio. Em Espanha, o Governo deu quatro mil euros a fundo perdido a cada licença em Madrid", frisa Carlos Ramos. Além do apoio financeiro, com juros baixos e 80% a fundo perdido, os taxistas pedem a redução substancial do custo das apólices dos seguros, uma vez que, com menos clientes e menos trânsito, o risco também é menor.