A taxa de desemprego atingiu os 9,1 por cento no segundo trimestre de 2009, o que representa um agravamento face aos 8,9 por cento do primeiro trimestre do ano. É o valor mais alto em 23 anos.
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Os dados divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) indicam que o desemprego entre Abril e Junho sofreu um aumento de 1,8 pontos percentuais face aos 7,3 por cento do período homólogo de 2008.
Este valor fica acima das previsões do Governo para o conjunto do ano (8,8 por cento) e é pior do que esperavam os analistas, que em média apontavam para a taxa de desemprego chegasse aos 9 por cento até Junho.
De acordo com o INE, no segundo trimestre, a população desempregada foi estimada em 507,7 mil indivíduos, uma subida de 23,9 por cento face ao trimestre homólogo (mais 97,8 mil pessoas) e de 2,4 por cento em relação ao trimestre anterior (mais 11,9 mil pessoas).
Mais desemprego entre os jovens
A contribuir para a descida da população desempregada no segundo trimestre, face ao observado há um ano atrás, esteve o aumento do número de homens desempregados, que explicou 71 por cento do aumento global do desemprego, refere o INE.
Ainda assim, a taxa de desemprego estimada nos homens foi de 8,7 por cento e das mulheres foi de 9,5 por cento.
Segundo o instituto, a subida do desemprego no período considerado verificou-se em todos os grupos etários, mas sobretudo nos indivíduos com idades entre os 25 e os 34 anos e com 45 e mais anos.
O INE destaca ainda o aumento no número de desempregados à procura de novo emprego (a procura do primeiro emprego permaneceu praticamente inalterada), há menos de um ano, bem como os provenientes do sector da indústria, construção, energia e água e dos serviços.
Alentejo com mais desempregados
Por regiões, no primeiro trimestre, as taxas de desemprego mais elevadas foram registadas no Alentejo (11,3 por cento) e no Norte (10,5 por cento) e Lisboa (9,4 por cento).
Os valores mais baixos encontram-se no Centro (6,3 por cento), Açores (7 por cento) e Madeira (8,1 por cento).
Em termos homólogos, o desemprego aumentou em todas as regiões, com os maiores acréscimos ocorreram no Alentejo, Norte e Madeira.
Face ao trimestre anterior, segundo o INE, verificou-se igualmente um acréscimo generalizado na taxa de desemprego, com excepção do Centro e do Algarve, onde a taxa diminuiu.
Valor mais alto em 23 anos
Para se encontrar, nas informações do INE, taxas de desemprego superiores a 9,1 por cento é preciso recuar ao primeiro trimestre de 1986, quando o valor foi de 9,2 por cento, altura em que a população desempregada era de 424,8 mil pessoas.
Ainda de acordo com os dados disponibilizados pelo INE, entre 1983 e 2008 a taxa de desemprego mais baixa encontra-se no segundo trimestre de 1991, altura em que se situava nos 3,6 por cento.
Refira-se que estes valores são indicativos, uma vez que a informação fornecida pelo INE refere-se a três séries distintas do Inquérito ao Emprego (1983-1991, 1992-1997 e a actual série iniciada em 1998), com interrupções devido a alterações dos critérios de análise.