A 'troika' (Banco Central Europeu, Comissão Europeia e Fundo Monetário Internacional) considera que Portugal não enfrenta uma crise de liquidez ("credit crunch"), mas espera que as autoridades portuguesas adotem medidas para "desincentivar a perpetuação de empréstimos duvidosos".
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Numa declaração conjunta sobre a terceira missão de avaliação da ajuda financeira a Portugal, a 'troika' louva os "progressos" na desalavancagem (desendividamento) do sistema bancário, registando o impacto positivo das medidas do BCE para injetar liquidez na banca europeia.
A 'troika' não vê assim motivo para se falar numa crise de liquidez, considerando que as empresas continuam a ter acesso ao financiamento, apesar da subida das taxas de juro praticadas pela banca na concessão de crédito.
O que preocupa neste momento os parceiros internacionais de Portugal é a qualidade do crédito concedido, mais do que a quantidade.
"As autoridades [portuguesas] estão a considerar uma série de medidas para atenuar os problemas de financiamento de empresas sólidas, nomeadamente medidas adequadas para desincentivar a perpetuação de empréstimos duvidosos", lê-se no comunicado da 'troika'.
Estas medidas do Governo e do Banco de Portugal deverão incluir planos para direcionar crédito para pequenas e médias empresas do setor exportador.
A terceira avaliação do programa de ajuda a Portugal foi positiva, sendo aprovado o envio de uma nova tranche de 14,9 mil milhões de euros.
Numa conferência de imprensa hoje em Lisboa, o ministro das Finanças, Vitor Gaspar, adiantou que o Governo reviu em baixa a previsão de crescimento para 2012, prevendo agora uma contração de 3,3 por cento, tal como as mais recentes previsões da Comissão Europeia.