Alojamento regista elevada procura neste verão e em muitas regiões está esgotado. Números de 2019 podem ser ultrapassados este ano. Natureza é o principal chamariz.
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O "boom" do turismo no interior português, em 2020 e 2021, para o qual contribuiu o medo dos grandes ajuntamentos de pessoas no litoral no âmbito pandemia, não esmoreceu. Agora que os tradicionais destinos de férias de sol e praia voltam a rebentar pelas costuras e que já se pode viajar sem restrições, poderia pensar-se que o país voltasse a ficar ainda mais inclinado para a costa. "Antes pelo contrário", refere o presidente da Turismo do Porto e Norte, Luís Pedro Martins, que arrisca dizer que se podem "bater os recordes de 2019".
Os agora chamados territórios de baixa densidade populacional continuam a registar um "crescimento do número de turistas nacionais", o que pode indiciar que, em 2020 e 2021, "encontraram motivos que lhes permitiram ter férias inesquecíveis" ou então "terão recomendado fortemente a outros", supõe Luís Pedro Martins. Os dados de maio já revelavam que a região Norte "estava a crescer 14% em dormidas em relação ao mesmo mês do ano mágico de 2019". Este verão, há zonas que "já têm a capacidade hoteleira completamente lotada", com destaque para as "áreas onde existem parques naturais". Com vista para a serra do Alvão, no Borralha Hotel, em Vila Real, a procura pelos 30 quartos "segue elevada". De acordo com Célia Fernandes, "as pessoas continuam a dizer que preferem alojamentos mais pequenos, porque se sentem muito mais seguras".
"As grandes cidades da região Norte, nomeadamente o Porto, estão a assistir à recuperação do turismo"
O mesmo acontece na Casa Moinho da Mouta, em Parada do Pinhão (Sabrosa), onde Manuela Lavinas regista "100% de ocupação" nos oito apartamentos que o alojamento local proporciona no fundo do vale do rio Pinhão. "Se tivesse 50 casas estava tudo vendido", reforça.
A correr muito bem
A vereadora da Câmara de Vila Real, Mara Minhava, destaca que os maiores empreendimentos hoteleiros sediados no concelho têm "uma taxa de ocupação de 100%", o que é "superior a 2019". "É sintomático de que conseguimos cativar o turista e fazê-lo voltar", sublinha.
O vice-presidente do Município de Chaves, Francisco Chaves de Melo, acrescenta que "este verão está a correr muito bem". Nota que "quer a hotelaria (com uma taxa de ocupação próxima dos 90%) e a restauração, quer os postos de turismo e os museus têm registado um percetível crescimento da procura turística".
Em Bragança, de acordo com o vereador Miguel Abrunhosa, há "taxas de ocupação elevadas (entre 90% a 95%), de forma particular as de turismo rural". Verifica-se um "aumento significativo da estada média dos turistas (a maioria portugueses do Algarve e das áreas metropolitanas de Lisboa e Porto)". O autarca salienta que "é expectável que 2022 seja, igualmente, um bom ano para o turismo em Bragança".
À semelhança do que acontece nos maiores municípios do interior, também os pequenos conseguem ter uma dinâmica turística em crescimento.
No de Carrazeda de Ansiães, integrado no Parque Natural Regional do Vale do Tua, o presidente da Câmara, João Gonçalves, diz que "à semelhança do que aconteceu em 2021, a procura na restauração e na hotelaria continua a ser grande".
Dados
7,2 milhões de dormidas em junho
O mercado interno contribuiu com 2,3 milhões, segundo o INE. É um crescimento de 110,2% no alojamento turístico face ao mesmo mês de 2021.
Estrangeiros voltam
Segundo Luís Pedro Martins, "este ano os turistas dos principais mercados europeus estão a regressar e os de longa distância, como Brasil ou Médio Oriente, começam também a chegar".