A União Europeia (UE) "encoraja" o Fundo Monetário Internacional (FMI) a criar uma "taxa mundial sobre as transacções financeiras", segundo o projecto de conclusões da cimeira dos líderes do 27, que hoje termina em Bruxelas.
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"O Conselho Europeu encoraja o FMI a analisar toda a panóplia de opções na sua revisão, incluindo as taxas de seguro, os fundos de resolução, os mecanismos de capital contingente e uma taxa mundial sobre as transacções financeiras", lê-se no projecto de conclusões a que a Lusa teve acesso.
Esta posição surge três meses depois de os mesmos líderes terem falhado o acordo, na cimeira extraordinária de Setembro, sobre a uma taxa sobre as transacções financeiras interbancárias, inspirada na Taxa Tobim.
A mesma fonte precisou ainda que o FMI "deverá avaliar como pode ser implementada" uma eventual taxa mundial sobre as transacções financeiras.
"O destino das receitas" - se vão para os cofres dos estados ou para um fundo global - é uma das questões determinantes.
O director-geral do FMI Dominique Strauss-Kahn, anunciou em Novembro último, na Escócia, que a organização vai estudar a criação de uma taxa a aplicar aos bancos consoante o risco que estes assumam.
Strauss-Kahn, que falava no final da reunião do G20, referiu-se a uma proposta avançada pelo Reino Unido de taxar as operações financeiras entre bancos (geralmente conhecida como taxa Tobin), afirmando que essa não é a solução defendida pelo FMI, por razões técnicas.
"Por várias razões uma taxa Tobin é muito difícil ou mesmo impossível", afirmou, indicando "preferir uma segunda solução" que considerou "melhor", que seria criar uma taxa a aplicar aos bancos segundo o risco que assumam.
"É razoável, depois da crise que vivemos, dizer-se que o sector financeiro, que apresenta mais riscos que os outros sectores económicos, deve pagar parte desses riscos e que não é, de todo, normal que pessoas e instituições assumam riscos desmesurados que depois são os contribuintes a pagar", admitiu então o director-geral do FMI.
O economista norte-americano James Tobin lançou, em 1971, a ideia de taxar o valor das transacções financeiras de curto prazo, de modo a limitar a volatilidade dos mercados e reduzir a especulação financeira.