A antiga presidente do Supremo Tribunal do Nepal Sushila Karki foi empossada como primeira-ministra interina, na sequência dos motins mortais que provocaram a queda do antecessor KP Sharma Oli.
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Karki, uma figura popular enquanto presidente do Supremo Tribunal nepalês em 2016 e 2017, foi empossada pelo presidente, Ram Chandra Poudel, na residência presidencial, numa pequena cerimónia transmitida pela televisão estatal.
"Parabéns. Desejo-lhe a si e ao país os maiores êxitos", declarou Paudel, na presença de outros políticos, funcionários e diplomatas estrangeiros.
A primeira-ministra interina, de 73 anos, é conhecida pela posição contra a corrupção no Governo durante o mandato como presidente do Supremo Tribunal do Nepal.
Alguns legisladores tentaram destituí-la em abril de 2017, acusando-a de parcialidade, mas a medida não teve êxito e foi criticada como um ataque ao poder judicial.
A nomeação da antiga magistrada surgiu dois dias depois de intensas negociações entre o chefe do Estado-Maior do Exército, Ashok Raj Sigdel, e o presidente nepalês.
A crise, a mais mortífera no Nepal desde a abolição da monarquia em 2008, começou na segunda-feira, quando a polícia abriu fogo contra jovens manifestantes que denunciavam o bloqueio das redes sociais e a corrupção das elites.
Pelo menos 30 pessoas morreram e mais de mil ficaram feridas nos distúrbios, disseram as autoridades.
A revolta, iniciada pelo movimento de jovens intitulado "Geração Z", ergueu-se contra uma lei que proíbe 26 plataformas de redes sociais e contra um Governo que consideram corrupto e ilegítimo, visando vários símbolos do poder político, administrativo e económico.
Durante os protestos, manifestantes atacaram e incendiaram o parlamento, o complexo administrativo, que alberga gabinetes ministeriais e o gabinete do primeiro-ministro.
Também o Supremo Tribunal ficou destruído pelo fogo, paralisando o sistema judicial, bem como o palácio presidencial, a residência oficial do primeiro-ministro e diversas prisões, resultando na fuga de vários reclusos.