O FMI admite que o valor de venda do Novo Banco pode ser insuficiente para reembolsar os empréstimos concedidos ao Fundo de Resolução, o que pode contagiar os bancos portugueses através da alocação de eventuais perdas.
Corpo do artigo
No relatório sobre a primeira monitorização pós-programa de ajustamento português, divulgado esta sexta-feira, a instituição liderada por Christine Lagarde adverte que, se o valor de venda do Novo Banco "for insuficiente para reembolsar os empréstimos concedidos ao Fundo de Resolução", pode "contagiar os bancos portugueses, através da alocação de eventuais perdas".
Nesse sentido, e "para reduzir a incerteza nos mercados", o FMI defende que as autoridades portuguesas "devem clarificar, o mais cedo possível, as modalidades da alocação das perdas".
"As autoridades devem considerar a criação de um programa de reembolso alargado ao empréstimo do Tesouro ao Fundo de Resolução Bancária, permitindo que a banca absorva quaisquer encargos com a resolução [do Banco Espírito Santo - BES] num período alargado de tempo", recomenda a instituição com sede em Washington.
No entanto, o Governo opõe-se para já a esta proposta do Fundo, apesar de admitir que a venda do Novo Banco necessita de uma "gestão cuidada" para "minimizar os riscos de contágio" e evitar "sobrecarregar os maiores bancos portugueses".
"As autoridades sentem que é prematuro definir as modalidades da alocação de perdas antes de as perdas se materializarem e de a magnitude desses custos ser conhecida", lê-se no relatório.
A instituição acredita que, se o valor da venda do Novo Banco não for suficiente para reembolsar o Fundo de Resolução, os bancos podem enfrentar um "não reembolso parcial do seu empréstimo subordinado (de 635 milhões de euros) ou contribuições excecionais ao Fundo [de Resolução] para complementar os seus recursos".
O FMI admite que um "calendário de reembolso do empréstimo do Tesouro ao Fundo de Resolução poderia aliviar alguma da pressão" sobre a banca.
A instituição liderada por Christine Lagarde nota que a "estabilidade financeira manteve-se, apesar dos desafios colocados pela resolução do BES", mas aponta ainda fragilidades no sistema financeiro português.