<p>O dia de regresso de férias do primeiro-ministro não poderia ter corrido melhor. Os dados do INE permitiram-lhe anunciar "o princípio do fim da crise", a pouco mais de um mês das legislativas. À Oposição, só restou desvalorizar os resultados. </p>
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Ao contrário do que é habitual, José Sócrates esteve ontem na conferência de Imprensa do final do Conselho de Ministros para anunciar a "viragem", que "não o fim da crise, mas sim o princípio do fim da crise".
Depois de considerar "animadores" e "positivos" os indicadores de crescimento da economia em 0,3%, o primeiro-ministro não perdeu a oportunidade para garantir que tem " boas indicações e bons sinais que permitem olhar estes números de uma forma sustentável".
Em plena ambiente de pré-campanha eleitoral, outros sinais foram evidenciados por Sócrates, os de que "o Governo está num caminho seguro para sair de uma das mais graves crises da economia europeia". E fez questão e acentuar o facto de Portugal ser "um dos primeiros países a sair da recessão técnica", a par da Alemanha, França, Grécia e Eslováquia.
Sócrates rematou os comentários com o sublinhado de que os dados "confirmam as projecções do Governo e põem de lado projecções mais catastróficas". Ou seja, as que previam a Oposição.
Perante o cenário, que não podia ser mais favorável para o argumentário de campanha dos socialistas, a Oposição rejeitou, em uníssono, a "euforia" socialista.
"Estamos muito longe de poder dizer que o país saiu da recessão", afirmou o dirigente comunista José Lourenço, para quem as medidas do Governo "são manifestamente incapazes e insuficientes para nos tirar do buraco".
Para a deputada do BE, Helena Pinto, os indicadores económicos não permitem "optimismos exacerbados" até porque o "desemprego continua a crescer".
Esta foi a argumentação da Esquerda, que foi rápida a reagir, ao contrário da Direita, em particular o PSD, que só ao fim da tarde comentou os indicadores. Um "silêncio" que o porta-voz do PS, João Tiago Silveira, não perdeu a oportunidade de criticar.
Para provar que o PSD não ia ficar calado, Miguel Frasquilho falou ao JN, começando por contestar o "nervosismo e o desnorte" do PS. Quanto aos números do INE, o economista social-democrata disse ser "indesmentível que os dados, apesar de marginalmente positivos, são melhores do que previsto, mas não por razões internas". Pelo contrário, disse, "são induzidos pela Europa, em concreto pela França e Alemanha, de cujas economias dependemos". "É, por isso, irresponsável embandeirar em arco, porque foi negativo (-3,7%) o crescimento homólogo".
A posição democrata-cristã foi transmitida pelo eurodeputado Diogo Feio, que lembrou o crescimento do desemprego e as dificuldades de investimento das empresas. Mesmo assim, concluiu, "antes estes dados que outros".