A aterosclerose, também a angina de peito, o enfarte agudo do miocárdio, o acidente vascular cerebral (AVC) e a insuficiência vascular periférica podem ser consequência da dislipidemia.
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Qualquer tipo de dislipidemia representa, de resto, um importante fator de risco cardiovascular, uma vez que a placa aterosclerótica acumulada nas paredes das artérias pode levar à obstrução parcial, ou total, do fluxo sanguíneo que chega ao coração e ao cérebro. "Os Desafios no Tratamento da Dislipidemia" é o tema do webinar que pode ser visto, no próximo dia 15 de abril, às 17h, no site do JN.
Os números sustentam a preocupação. Um estudo feito pelo Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (INSA) concluiu que mais de metade dos portugueses inquiridos (53,2%) tinha valores de colesterol total iguais ou superiores aos valores recomendados. Quando considerados os indivíduos que disseram tomar medicação para reduzir os níveis de colesterol, o valor subiu para 63,3%.
"O problema é que estamos perante uma doença silenciosa", alerta Francisco Araújo, especialista em Medicina Interna e Presidente eleito da Sociedade Portuguesa de Aterosclerose (SPA). "É por isso que considero fundamental lutar contra a informação incorreta que circula pela Internet e contra uma certa e perigosa tendência, segundo a qual a culpa é da indústria, que só quer vender medicamentos".
As causas
Ema Paulino, farmacêutica comunitária e membro do Comité Executivo da Federação Internacional Farmacêutica, concorda. "Não tem sido dada a visibilidade suficiente a este problema, talvez por se tratar de um risco silencioso. As pessoas ligam as causas da dislipidemia à obesidade e ao tipo de alimentação que fazem, mas não pensam em monitorizar este indicador. Quando o fazem, assustam-se com o seu perfil lipídico".
As causas de dislipidemias em adultos resultam do estilo de vida sedentário, com ingestão excessiva de gordura saturadas, colesterol, abuso de bebidas alcoólicas, tabagismo, entre outras. "É por isso que é tão importante sensibilizar as pessoas para fazerem análises de rotina. E aí os farmacêuticos têm um papel a desempenhar, no sentido de questionarem amiúde os utentes", assinala Ema Paulino.
Francisco Araújo junta outra preocupação. "A eficácia dos tratamentos está mais do que provada. Agora, os medicamentos só são eficazes se forem tomados. Costumo dizer que é preciso estabelecer uma espécie de contrato com o doente: primeiro, tentamos controlar o problema modificando o seu estilo de vida e perdendo peso; se não for suficiente, avançamos para a medicação, que pode até ser para o resto da vida, única maneira de prevenirmos um evento cardiovascular grave", sublinha o médico.
Ema Paulino lembra, por seu turno, outros "perigos": "Os suplementos alimentares, sustentados em publicidade agressiva, e o facto de as pessoas fazerem os chamados períodos de descanso (deixam de tomar a medicação quando os níveis de colesterol baixam) são más opções". E, neste caso, as más opções pagam-se caro: em níveis elevados, as doenças do colesterol e das gorduras causam cerca de 30% de todas as doenças cardiovasculares.