Os parques verdes do município reabriram no início de abril, quando o país começava a desconfinar.
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E o Parque da Lavandeira brindou a população com uma novidade: há mais 4 hectares para descobrir, depois de intervencionada a nova parcela adquirida pela Câmara Municipal, por 2,4 milhões de euros. O parque soma agora, ao todo, uma área de 110 mil metros quadrados, incluindo a estufa neogótica do século XIX, também adquirida pelo Município e com reabilitação prevista para breve.
Manuela Pinto, herdeira da família Silva Monteiro - outrora proprietária de todo este magnífico espaço da Quinta da Lavandeira - viveu ali todos os seus 81 anos. Despede-se agora do espaço e da estufa com saudade, mas tranquila por ver a quinta passar a ser de uso coletivo.
Para o presidente da Câmara Municipal, Eduardo Vítor Rodrigues, esta aquisição que duplica o espaço verde coletivo "é uma mais-valia quer simbólica, quer histórica, que vem ampliar um espaço que transmite qualidade de vida". "É um espaço que projeta uma cidade com raízes próprias e que nos interpela a todos nas áreas do ambiente e da educação", acrescenta.
A partir de agora, quem visitar o Parque da Lavandeira, além de usufruir de um espaço verde mais amplo em pleno coração da cidade, pode apreciar um pouco de história. É que num dos recantos do parque está a estufa neogótica, uma peça rara da arquitetura do ferro em Portugal. Classificada como imóvel de interesse municipal, foi adquirida pela autarquia e integrada no parque. O projeto de reabilitação foi assumido como uma prioridade central, uma vez que se encontrava em adiantado estado de degradação e exigia uma intervenção imediata.
De acordo com Eduardo Vítor Rodrigues, "a reabilitação da estufa será alvo de um concurso público, e deverá representar um investimento de mais de 500 mil euros". Após a intervenção, deverá ter um pequeno parque botânico para determinadas espécies e ainda uma cafetaria.
Estufa neogótica
A estufa é feita em ferro fundido (uma das duas existentes na Península Ibérica), cuja técnica de engenharia é a mesma do antigo Palácio de Cristal, que foi demolido no Porto. A estrutura pesa 38 toneladas, tem 24 metros de frente, 12 de altura no centro e 12 de fundo.
A estufa da Lavandeira foi executada, em 1883, pela empresa Fundição de Ouro de Luiz Ferreira Cruz e Irmão. A sua construção, por Silva Monteiro, descrito como um conde que esteve ligado à Associação Comercial do Porto e ao arranque da construção do porto de Leixões, bem como da linha de caminho de ferro Porto/Póvoa de Varzim, foi motivo de notícia nesse ano.