Entre a antiga Seca do Bacalhau, em Canidelo, e a Reserva Natural Local do Estuário do Douro, no Cabedelo, o arquiteto Sidónio Pardal criou "um espaço livre, para estar à vontade, a beber a estética da paisagem". Sidónio Pardal, urbanista e arquiteto, responsável pelo projeto, faz a distinção entre jardim e parque. "O conceito de parque deixa em aberto uma constante construção feita naturalmente pela paisagem envolvente".
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Para o arquiteto, o Parque de S. Paio tem uma particularidade que o distingue de outros. "O projeto de um parque é uma obra de arte autónoma, que se desliga de tudo à volta e garante a sua interioridade. No caso do parque S. Paio isso não acontece. Aquele sítio, a foz do Douro, é tão expressivo, que foi importante enfatizar a vista que se tinha, criando uma modulação para melhor desenvolver a relação de mirante da paisagem".
"Na primeira fase do Parque de S. Paio, a singularidade cénica do local, plasmada na foz do Douro, procedeu-se a uma modelação que eleva o plano do antigo campo agrícola para formar uma colina de relevo ondulado, suave, espraiada em forma de anfiteatro aberto ao campo panorâmico da Foz", descreve Sidónio Pardal.
Espaço privilegiado
Localizado num espaço privilegiado, contíguo à Reserva Natural Local do Estuário do Douro, o Parque de S. Paio será o prolongamento de uma zona verde que acolhe mais de 200 espécies de aves. Com acesso gratuito e não condicionado, é atualmente o maior parque urbano projetado para a Área Metropolitana do Porto.
Muito crítico do que considera "a desaculturação da arquitetura e do urbanismo que impera no país, onde não há uma ideia arquitetónica e os PDM são figuras administrativas sem arte", Sidónio Pardal frisa que o Parque de S. Paio "faz todo o sentido: trata-se de um pequeno vale interessante, com uma perspetiva sobre a foz do Douro, mas mais importante, surge como elemento compósito de uma urbanização, que o vai envolver e valoriza-se com ela. O novo espaço é rematado a sul por uma urbanização quase em ferradura, que valoriza o parque como elemento do sistema urbano, isto é, sem a composição urbana o parque não fica bem desenvolvido".
Para Sidónio Pardal, "com a realização deste parque, a Câmara Municipal de Gaia responde aos novos e prementes desafios de reordenamento do território e qualificação arquitetónica da paisagem".
Oito hectares de parque
O Parque de S. Paio resulta de um investimento total de 3,5 milhões de euros da Câmara Municipal de Gaia e a sua construção desenvolve-se em fases. Estende-se por um total de 8 hectares, entre a Reserva Natural do Estuário do Douro, à qual é complementar, e a antiga Seca do Bacalhau, proporcionando vistas desafogadas sobre o rio e o Porto.
"A arquitetura do parque foi concebida e desenhada para que todos possam usufruir das suas paisagens como espaços livres públicos e, ao mesmo tempo, encontrar nelas sossego e privacidade", afirma o presidente da Câmara, Eduardo Vítor Rodrigues.