Observatório da Pessoa Idosa destina-se à população residente em lares e pretende desmistificar-se a ideia de que a prática de exercício físico é contraindicada para a população mais fragilizada.
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Poucos minutos faltavam para as 11 horas da manhã, quando cinco mulheres de cabelos brancos e sorrisos escondidos pelas máscaras estavam prontas para mais uma aula de ginástica, prestes a começar no Lar Tavares Bastos, em Vila Nova de Gaia. Os professores, com a ajuda da animadora e da psicóloga da estrutura residencial, terminavam os preparativos que dariam início à aula.
Foram exercícios físicos ligeiros, mas que exigiram a concentração de todos. Curiosamente, para quem assistia, parecia que a energia voltava a cada um daqueles corpos fragilizados pela idade. Afinal, estas atletas têm entre 75 e 99 anos.
Completaram mais uma aula, de cerca de uma hora, das três que têm por semana, organizadas e dirigidas pelo projeto Observatório da Pessoa Idosa, da responsabilidade do Centro de Investigação em Atividade Física, Saúde e Lazer (CIAFEL), da Faculdade de Desporto da Universidade do Porto, coordenado e implementado por uma equipa de investigadores, nomeadamente Duarte Barros, Joana Carvalho, Elisa Marques e José Magalhães, com o apoio da Câmara Municipal de Gaia.
Este projeto dirige-se à população que está a residir em lares e, de um ponto de vista prático, pretende desmistificar-se a ideia de que a prática de exercício físico é contraindicada para a população mais fragilizada.
O projeto tem duas fases. Numa primeira fase, é feita a avaliação compreensiva e a monitorização de parâmetros relacionados com a fragilidade, função física e cognitiva, bem como da funcionalidade diária da população residente em lares do concelho. Foram avaliadas cerca de 180 pessoas em sete instituições de Gaia. Numa segunda fase, "tem início o exercício físico especializado".
Para Sílvia Costa, psicóloga do Lar Tavares Bastos, que acompanha os residentes diariamente e que não perde uma aula de exercício físico, "em cerca de quatro semanas do projeto as diferenças são muitas, a começar pela autoestima de todas as senhoras. Estão com uma disposição muito diferente e muito mais recetivas a diferentes atividades".
"As aulas até cansam um pouco, mas são muito boas. Gosto de tudo, e dos professores também. Desde que comecei, já me sinto muito melhor", afirmou Laura Martins, de 77 anos, no final da aula.
Sensibilização para a prática de exercício físico
Duarte Barros salientou a importância de se sensibilizar a população para a prática de exercício físico durante o envelhecimento. "Dessa forma é possível ter um envelhecimento com mais qualidade de vida e mais saudável. É importante fazer a promoção do exercício físico para termos uma população, mesmo que envelhecida, mais ativa", reforçou.
Este projeto tem a duração de dois anos, sendo que se pretende ampliá-lo a mais instituições, tanto de cariz social como privado, particularmente no concelho de Gaia, em estreita colaboração com a Divisão de Ação Social e de Voluntariado da Câmara Municipal.