Duas salas com aura industrial, airosas e bem iluminadas, pintam o cenário pensado ao detalhe do Barôco. Um restaurante onde se vai não só pela comida, de cunho mediterrâneo, mas pelos momentos que toda a envolvência proporciona.
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Um antigo armazém de vinhos na Boavista, junto ao cemitério de Agramonte - uma zona que tem vindo a ganhar dinamismo, com o surgimento de novos projetos - mostrou o potencial necessário para acolher o mais recente restaurante de Ricardo Graça Moura, sócio-gerente de uma mão (quase) cheia de outros espaços na cidade: Flow, Mistu, Okra e Okra no Mercado Time Out. Desta vez, a premissa foi sair da Baixa. “A ideia era criar uma proposta que fosse facilmente acessível de outras zonas da cidade, a quem vive na Foz, na Boavista, no Campo Alegre…”, partilha o responsável.
As portas do Barôco abriram em abril, ao fim de dois anos de obra e desenvolvimento do conceito. O edifício, amplo e iluminado por grandes claraboias, foi todo ele reimaginado, para criar “um espaço verdadeiramente ímpar”, implementando traços comuns aos outros restaurantes na sua própria identidade. “Nós chamamos a isto um 3.0 do Flow e do Mistu”, compara Ricardo.
A área foi dividida em duas salas com pé direito considerável, separadas por uma parede de tijolo, com janelas e portadas em caixilhos de ferro. Ambos os espaços conjugam uma aura industrial - vigas em aço e madeira, e tubos de ventilação à vista - com o conforto, a elegância e a frescura de elementos naturais como as cadeiras e candeeiros em vime, os jarrões de barro e as plantas.
Toda esta atmosfera foi pensada ao detalhe por Paulo Freire, também sócio do restaurante, para complementar a oferta gastronómica. “Nós temos uma visão que não passa apenas por servir boa comida. É uma união de elementos, onde as pessoas vão encontrar boa decoração e bom ambiente. Tentamos vender uma experiência, diversão, e não só comida”, explica Ricardo.
Ao cenário junta-se ainda a música, a embalar todos os serões, e que ao fim de semana fica a cargo de um DJ residente. Outro alicerce, que no Barôco assume um protagonismo ainda maior do que noutros projetos, é o bar. Para além de estar na génese do nome escolhido para o restaurante, foi instalado ao centro da sala, e também serve quem apenas queira ir beber um copo. Há cocktails de assinatura e os clássicos; e uma lista de vinhos cuidada e eclética, que junta algumas referências de Espanha, França, Chile e Nova Zelândia a uma seleção maioritariamente nacional.
Da cozinha, ao comando do chef executivo Rui Mingatos, saem pratos a ritmo bem afinado, que se baseiam nos sabores do mediterrâneo, com influências de outras culturas gastronómicas. A carta assenta essencialmente em três pilares: entradas, que facilmente compõem uma mesa de partilha; massas frescas, que em querendo também servem de preâmbulo ao momento principal; e a grelha, com diversas proteínas e acompanhamentos escolhidos a gosto.
À altura da estação, sobressaem propostas frescas como a burrata fumada, servida com três texturas de tomate, pesto e pistácio; e o tiradito de corvina com gaspacho de abacaxi. Nas pastas, feitas na casa, surpreende o pansotti de capão e foie gras, pelo sabor delicado. E entre as carnes e peixes que vão à brasa, a falsa espetada de gambas e lulas exibe mestria. É “falsa”, explica Ricardo, porque os seus componentes têm pontos de cozedura diferentes e por isso não saem da brasa em simultâneo, como acontece numa espetada real.
No momento final, cabe às sobremesas a responsabilidade de manter em alta toda a experiência. E pelo exemplo do semifrio de pistácio e do pão de ló húmido, não haverá risco de sair dali com algo menos do que boas memórias.
Barôco
Rua Particular Meneses Russel, Armazém 30, Porto
Tel.: 226 003 000
Web: instagram.com/baroco_restaurant
Das 19h às 24h. Sexta e sábado até às 2h. Não encerra.
Preço médio: 55 euros