Estamos nos domínios do que é um dos grandes restauradores de Lisboa. Pedro Filipe é exímio em muitas artes, principalmente na gestão do Horta dos Brunos. Com a sua mulher, Paula Montenegro, anima uma das salas mais felizes da capital, ele na sala, ela na cozinha.
Corpo do artigo
O nome do restaurante deve-se aos proprietários originais, ambos de nome próprio Bruno, para quem o nosso herói trabalhava como responsável pelas operações. O tempo e o destino levaram a que Pedro ficasse com o restaurante, e respeitou sempre o nome de Horta dos Brunos. Come-se e está-se muito bem nesta autêntica mesa de poder da capital. Começa-se pelas entradas frias, que incluem delícias como presunto Pata Negra exemplarmente cortado, burrata fresquíssima, salada de pimentos assados e salada de polvo. Este tratamento coloca-nos já num patamar superior e nesta fase já Pedro escolheu connosco um bom vinho branco dos muitos que a grande garrafeira da casa tem. Entramos nas entradas quentes e temos ao dispor pimentos de Padrón, muito bem trabalhados. Costuma haver torresmos de rissol crocantes e feitos como a gente gosta. E os ovos mexidos com farinheira são os melhores do país.
A secção da ementa dedicada aos pratos de peixe é copiosa e exprime na perfeição a imensa capacidade culinária da sempre inspirada chef Paula. Há um excelente naco de atum HB que redefine o trabalho em torno do atum fresco. É aqui que sabe bem. O mestre Pedro Filipe sabe a quem comprar e é conhecido por ter peixe da melhor qualidade. Escusado será dizer que o robalo grelhado é trazido à mesa como autêntica joia, trabalhado como a mais fina filigrana. Gosto muito do bacalhau à lagareiro do Horta dos Brunos, cozedura respeitadora, produto da melhor qualidade e processamento brilhante do fiel amigo. Também gosto muito da massada de peixe, trabalho culinário excecional com prioridade total ao sabor.
Passamos aos pratos de carne e damos à cabeça com um maravilhoso bife da vazia que eu não hesito em classificar como o melhor de Lisboa. Logo a seguir, tenho de referir o arroz de entrecosto, ou arroz de costelinha, que nos transporta para a deliciosa e clássica cozinha beirã. E sou grande fã das costeletas de borrego desta casa, fininhas e apaladadas como se deseja.
Para terminar docemente, proponho a sericaia, com ou sem ameixa de Elvas, neste restaurante abdico dos meus fundamentalismos habituais. Gosto do pudim Abade de Priscos e funciona muito bem o cheesecake de lima. Uma refeição no Horta dos Brunos é sempre uma grande experiência.
Horta dos Brunos
Rua Ilha do Pico 27, Lisboa
Tel.: 213 153 421
Web: hortadosbrunos.pt
Fecha: Domingo
Preço médio: 50 euros