O antigo Presidente da Venezuela, Jaime Lusinchi, faleceu na noite de quarta-feira em Caracas (manhã de quinta-feira em Lisboa), aos 89 anos, na sequência de uma infeção pulmonar, anunciou o secretário-geral do partido Ação Democrática (AD).
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"Com dor participamos que acaba de falecer o nosso companheiro ex-presidente da República da Venezuela, Jaime Lusinchi. Paz à sua alma!", escreveu Henry Ramos Allup na sua conta no Twitter.
Nascido em Caracas a 27 de maio de 1924, e médico pediatra de profissão, Jaime Lusinchi liderou os destinos da Venezuela entre 1984 e 1989. Deputado do extinto Congresso Nacional foi ainda senador vitalício entre 1989 e 1993.
Com uma aposta na austeridade governamental e na sensibilidade social, chegou ao poder quando os venezuelanos tentavam adaptar-se ao impacto de um sistema de controlo cambial e desvalorização da moeda, impostos em 1983 pelo seu predecessor, Luís Herrera Campins (1925 - 2007).
O seu governo ficou ainda marcado por uma descida dos preços do petróleo e pela decisão de não contrair nova dívida pública, que levaram à assinatura de acordos de reestruturação da dívida, sem a intervenção ou assistência do Fundo Monetário Internacional.
Em 1991, contraiu matrimónio com a sua ex-secretária privada, Blanca Ibáñez, após um polémico divórcio de Gladys Castillo.
Depois de terminar o seu mandato, foi acusado de alegado tráfico de influências na atribuição de dólares a preços preferenciais e de gestão danosa de fundos públicos, acusações que foram declaradas prescritas a 27 de fevereiro de 1997 pelo extinto Tribunal Superior de Salvaguarda (TSS).
Em 1999, a Corte Suprema de Justiça da Venezuela anulou a sentença do TSS e ordenou que o expediente fosse enviado ao Circuito Judicial da Área Metropolitana de Caracas, para o procedimento correspondente, do qual se desconhece novos acontecimentos.
Em 2008 foi acusado pelo Ministério Público de estar relacionado com "o massacre de Yumare", uma operação de agentes da Direção dos Serviços de Inteligência e Prevenção (extinta polícia política), em que nove pessoas (alegados guerrilheiros) morreram, em maio de 1986, na localidade de Yumare, a sudoeste de Caracas.
Residente em Costa Rica e Miami (EUA) regressou à Venezuela no final de de 2009, depois de sofrer complicações por uma úlcera gástrica.
Como político recebeu várias distinções e reconhecimentos, incluindo o Doutoramento Honoris Causa da Universidade de Bar-Ilan, Israel, em 1987, da Universidade de Houston e da Universidade de Guadalajara em 1983.
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Este texto da agência Lusa foi escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.