Património: IGESPAR confia no QREN para recuperar monumentos classificados pela UNESCO
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Lisboa, 21 Jan (Lusa) - O director do Instituto de Gestão do Património Arquitectónico e Arqueológico (IGESPAR) está confiante nas candidaturas apresentadas ao QREN para recuperar monumentos classificados pela UNESCO.
Em declarações à Lusa, Elísio Summavielle afirmou: "Com a candidatura ao QREN (Quadro de Referência Estratégico Nacional), o IGESPAR conta iniciar um programa de recuperação dos monumentos inscritos na lista da UNESCO para o qual os diagnósticos estão feitos e os projectos de intervenção definidos, com uma duração de execução de cinco anos".
Segundo o responsável, os conjuntos monumentais classificados pela UNESCO, "estando em razoável estado de conservação de uma forma geral", apresentam algumas carências.
No caso do Mosteiro dos Jerónimos, o IGESPAR pretende "um maior diálogo com a Casa Pia", que detém parte do monumento.
"Há umas salas que fazem a ligação e que podem servir às duas partes, designadamente criando um espaço expositivo que reflicta a história da Casa Pia e ajude também a compreender o monumento manuelino", adiantou.
Por outro lado, sendo um monumento emblemático, que tem servido de cenário a diferentes eventos internacionais, designadamente a assinatura do Tratado Europeu de Lisboa, "são necessárias certas infra-estruturas, que têm de ser equacionadas".
Colóquios, reuniões, jantares de empresas e espectáculos, constituem receitas, sublinhou Summavielle, que se lembra de quando era "sacrilégio ouvir fado nos monumentos".
O Mosteiro da Batalha é "o que apresenta melhor estado de conservação", apesar de haver problemas com a pedra de ançã que se corrompe devido à erosão, sendo a estrada (IC 2) um dos factores que mais contribuem para essa degradação.
Summavielle referiu que está em estudo o afastamento do traçado e criação de uma barreira verde.
Além deste problema, "algumas estruturas da cobertura devem ser consolidadas mas, ainda recentemente, se fez um restauro dos vitrais".
O director do IGESPAR considera que "dinheiro a mais faz mal ao património", na medida em que este "não exercita a imaginação para soluções mais necessárias".
Referindo-se ao Mosteiro de Alcobaça, o responsável afirmou que "há parcerias com a Câmara, estando equipas mistas [IGESPAR e autarquia] no terreno".
Neste mosteiro, para o claustro do antigo asilo abrem-se várias possibilidades: um hotel, museu, pólo universitário, centro de exposições ou a sua conjugação.
Quanto ao museu, Summavielle opinou "não haver material para um museu de Alcobaça que só existe na cabeça de alguns, pois ter-se-ia que ir buscar material a muitos museus".
Um pólo universitário chegou a ser equacionado com a Universidade de Coimbra, assim como uma área de exposições.
Entretanto, ao IGESPAR chegaram duas propostas para transformar o espaço numa unidade hoteleira.
O Convento de Cristo "é uma área brutal de construção: quatro hectares que, tendo as suas fragilidades", o IGESPAR tem estado a trabalhar e a procurar mecenas, "o que é uma tarefa difícil".
"A maior área de intervenção em fresco da Europa está ali a decorrer, chamando o interesse de investigadores de todo o mundo", disse Summavielle.
A Cimpor é o mecenas das obras que decorrem na Charola, mas Summavielle afirma que se "a conhecida janela manuelina é um atractivo para os mecenas, a sua parede de suporte já não e é necessária uma intervenção na parede da sala do capítulo".
O futuro do antigo Hospital Militar agregado ao Convento, abandonado há alguns anos, é uma questão em aberto.
"Não recebemos ainda quaisquer propostas de hoteleiros", disse Summavielle, segundo o qual será esse o destino "mais natural".
NL.
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