Ator de teatro, cinema, novela e séries, encenador do Pequeno Palco de Lisboa ou ainda voz de inúmeras dobragens, Rui Luís Brás, 52 anos, é um artista (re)conhecido pelo público.
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O novo projeto chama-se "Trezes", uma série de telefilmes que a RTP vai exibir em 2020, mas além desta participação "especial" e da peça de teatro "A Varanda" - com a qual vai percorrer o país ao lado das atrizes Manuela Maria e Maria Curado Ribeiro, a partir de março -, Rui Luís Brás está sem mais trabalho desde que gravou, para a SIC, a novela "Vidas opostas", na qual desempenhou o papel de "Fausto". O dinheiro, esse, custa a ganhar e o artista assume, em exclusivo ao JN, que já pensa ter outro emprego fora da representação.
"Em relação a novelas tenho estado parado. Houve duas hipóteses na calha mas acabaram por não acontecer. Além do "Trezes" só estou com a peça que vou fazer com Manuela Maria e Maria Curado Ribeiro, a estrear no Casino Estoril em março e percorrer o país", diz Rui Luís Brás, resumindo, de forma crua, a sua situação: "Em termos de projetos garantidos e datados... são estes".
O ator assume que "sobrevive mês a mês" e que " a vida toda tem sido assim". Mas deseja pôr um ponto final na instabilidade. "Começo a ficar cansado e a pensar que se calhar está na altura de diversificar e fazer outras coisas na vida para financeiramente ficar defendido. Algo fora da área de ator, nada mesmo que tivesse a ver", adianta. "Mas é difícil. Não estou a dizer que gostava de deixar de ser ator. É a última coisa que queria. Para ser mais digno na minha carreira optei por entrar no projeto X e não no Y , mesmo arriscando meses de menor estabilidade financeira, porque o projeto, como espetador, não me agradava", justifica.
Sem exclusividade
Para piorar a situação, ao contrário de muitos colegas, Rui Luís Brás não tem um contrato de exclusividade com um canal. "Sem isso é difícil, mas vou chegar ao fim da vida sem ter essa experiência. Ter contrato de exclusividade tem um lado assustador e aprisionante: estar ligado ao canal e ter de fazer tudo o que eles pedirem. Limita-te, mas dá-te uma segurança financeira em dois ou três anos seguidos. Mas também não sei se era isso que queria para mim. O que queria é continuar a fazer coisa com o "Trezes"", atalha.
Neste projeto da RTP, Rui Luís Brás entra no telefilme "Tesouro", de Eça de Queirós. "A ideia é ótima. A RTP tem feito, nos últimos anos, bastantes abordagens a este mercado diferenciado. Ainda não vi este "Tesouro", mas foi um trabalho delicioso. Foram só seis dias mas há muitos anos que eu não me sentia tão bem. É um trabalho muito rico, mas muito conciso", frisa.