A morte de Lara, dois anos, na terça-feira, estrangulada pelo próprio pai, no Seixal, e a morte de nove mulheres, em janeiro, levaram várias figuras públicas a unir-se contra a violência doméstica.
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Tânia Ribas de Oliveira, Ana Garcia Marques, Luísa Sobral e Helena Isabel Patrício partilharam várias mensagens de apoio às vitimas e de apelo para que justiça seja feita e a lei cumprida.
A apresentadora da RTP1 começou por escrever nas redes sociais: "É urgente aplicar a lei no que diz respeito às vítimas de violência doméstica. Chega."
Hoje, voltou a falar do assunto e publicou um texto no seu blog, "O Nosso T2". "Quantas crianças existem neste país a acordar à noite com os gritos das suas mães?", é o título do texto que fala, não só sobre o caso de Lara, como das restantes mulheres assassinadas por maridos violentos.
"Os números foram tornados públicos: em 37 dias do ano de 2019, já morreram 10 mulheres, assassinadas pelos companheiros. E viveram num grito, umas vezes mudo, outras vezes ensurdecedor, ao lado de tantos de nós, entre tantos de nós. Não reparámos, ninguém reparou. Não? E as que tiveram a coragem de fazer queixa? Muitas foram e são protegidas pela Polícia e pelas instituições mas... e as outras? Quantas crianças existem neste país a acordar à noite com os gritos das suas mães? E agora, que as lágrimas não param de me cair, levo as mãos aos olhos e quero trazer todas para casa", escreveu.
"Esta tragédia tem de acabar. Daqui a uns dias já ninguém vai falar da Lara e muito menos da mãe dela e da avó que também partiu, mas quantas Laras (meninas ou meninos) existem em escolas, casas e ruas por onde passamos todos, de norte a sul e nas ilhas? Estas crianças são também nossas! Elas e as suas mães! São da nossa responsabilidade cívica! Tenho um nó imenso no coração e sei que cada uma/cada um de nós também tem. Não sei o que podemos fazer, mas sei que temos de agir. Todos, enquanto sociedade democrática, não podemos permitir que mais uma mulher possa ser violentada pelo companheiro. Nem podemos permitir que os filhos destas mulheres cresçam com gritos e violência, com medo, com ódio e com uma revolta que será uma tatuagem de tinta permanente. De sangue. Já chega. Os tribunais têm de punir estes assassinos, antes de o serem. Porque já basta matarem aos poucos e todos os dias quem já perdeu a voz. E a esperança", rematou.
A cantora Luísa Sobral também não conseguiu ficar calada perante este ato de violência e publicou um vídeo, com melodia e letra da sua autoria, e interpretado por Susana Travassos. "Escrevi uma canção sobre este tema para a Susana Travassos que o interpreta de uma forma tão comovente. Foi a minha forma de falar sobre este assunto, de não o ignorar. Que só se deixe de falar na violência doméstica quando esta deixar de existir", escreveu.
A bloguer Ana Garcia Martins, ou "A Pipoca mais doce" como é conhecida, também assinalou a situação nas suas redes sociais. Partilhou a notícia da morte da criança e da avó, no Seixal, e acrescentou: " O caso estava assinalado. Toda a gente sabia ou, pelo menos, quem podia ter feito a diferença. E ninguém fez. Ninguém quis saber. Ninguém impediu uma tragédia que estava à vista de todos. Pede-se às mulheres que sejam corajosas, que denunciem os agressores, mas para quê, se depois não são protegidas? Se fica tudo a assobiar para o ar? Se minimizam a acusação e a tornam irrelevante, quase como se fosse um devaneio da vítima? Nada pode restituir a esta mulher a mãe que perdeu ontem e a filha que perdeu hoje".
A apresentadora Helena Isabel Patricio não ficou indiferente e recorreu às redes sociais para demonstrar a sua preocupação. "É preocupante.. Basta um episódio para haver violência doméstica! A violência pode ser física ou psíquica.. é um fenómeno muito abrangente", frisou.