Acidente em passagem de nível que deixou criança paraplégica julgado em Caminha
O Tribunal de Caminha começa, nesta quarta-feira, a julgar o caso de um acidente, ocorrido em dezembro de 2020, numa passagem de nível com guarda em Cristelo, e que deixou Martin, um menino de 12 anos, totalmente dependente devido às lesões que sofreu. A condutora do carro que colidiu com um comboio responde por um crime de ofensa à integridade física por negligência.
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Os pais, que ao longo dos últimos quase cinco anos, travaram uma batalha pela reabilitação da criança, acusam a mulher de atravessar a passagem de nível, já com a meia barreira fechada e os sinais sonoros ativos. A condutora era amiga próxima do casal e seguia na viatura com um dos seus filhos e Martin.
A arguida afirma ser inocente e apresentou contestação, alegando que "foi julgada em praça pública" e que pretende "repor a verdade material" dos factos.
Garante que o carro "já estava em cima da linha" quando "o sinal luminoso e sonoro foi ativado, bem como foi nesse momento que as cancelas e sobredita barreira iniciou a descida e começou a fechar". A mulher defende que houve "desconformidades no funcionamento da alarmística e em particular na descida das barreiras da passagem de nível", alegadamente resultantes de obras de eletrificação, na altura em curso na Linha do Minho.
A contestação apresentada pelo advogado Miguel Teixeira adianta ainda que o maquinista do comboio apresentava uma "taxa de álcool no sangue de 0.3 g/l".
Recorde-se que, na sequência do acidente, que ocorreu no dia 16 de dezembro de 2020, Martin sofreu graves lesões cerebrais e na cervical, que deixaram graves sequelas. O caso tornou-se público e provocou grande comoção, tendo sido criada a página de Facebook "Martin o guerreiro", que ainda está ativa com mais de 15 mil seguidores.
Desde o acidente, os pais de Martin procuraram todos os tratamentos possíveis para reabilitar o menino, desde terapias convencionais e alternativas, em Portugal e no estrangeiro, e até câmara hiperbólica da Marinha (iniciativa solidária da própria). Donos de um espaço de evento em Valença e antes radicados em Caminha, mudaram várias vezes de casa e acabaram por fundar um centro de reabilitação para crianças.