Acionista da SAD do Santa Clara investigado por ligações a esquema de corrupção
Empresa de Glen Lau é suspeita de ter sido usada como plataforma para pagamento de subornos relacionados com a atribuição do Mundial de Futebol de 2022 ao Catar.
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O principal acionista da Sociedade Anónima Desportiva (SAD) do Santa Clara, o empresário de Singapura Glen Lau, está a ser investigado por eventuais ligações a um esquema de corrupção que levou a que a organização do Mundial de 2022, o maior evento do calendário futebolístico, fosse atribuído ao Catar. Uma das empresas de Glen Lau, o Suria Group PT, é suspeita de ter sido usada como plataforma para pagar subornos a responsáveis das federações de futebol de diferentes países, nomeadamente a Ricardo Teixeira, ex-presidente da Confederação Brasileira de Futebol, e Julio Grandona, então líder da Associação de Futebol Argentina.
A notícia é avançada pela edição deste domingo do jornal "Público", no qual se lê que Glen Lau é parceiro de negócios de Ghanim Bin Saad Al Saad, um multimilionário que, além dos negócios privados, foi diretor executivo da Qatari Diar Estate Investment Company, uma subsidiária do fundo soberano do emirado. É, precisamente, a Qatari Diar Estate Investment Company que estará a ser investigada pelas autoridades francesas e brasileiras por suspeitas de corrupção. Em causa, estará a compra, por parte desta subsidiária do fundo soberano, de 5% do capital social da Veolia Enviroment SA, multinacional francesa dedicada aos setores da água, resíduos e energia e que manteve negócios em Portugal. A Qatari Diar Estate Investment Company concretizou o negócio com o pagamento de 624 milhões de euros, dos quais 45 milhões terão sido encaminhados para o Suria Group PT, administrado pelo acionista da SAD do Santa Clara. Este dinheiro, suspeita a investigação, terá sido utilizado para o pagamento de subornos que permitiram que o Mundial de 2022 fosse atribuído ao Catar.
Investimentos em Portugal
Glen Lu tonou-se, com 47,6% do capital social, o maior acionista da SAD do Santa Clara em 2017. O empresário, de 55 anos, tem outros investimentos em Portugal, entre os quais na Alixir Capital Lda que, segundo o "Público", está a ser investigada pelas autoridades portuguesas pelo crime de insolvência culposa da Azores Parque, uma ex-empresa municipal de Ponte Delgada. Também controla a Amedeo Resources, sociedade que apresentou uma candidatura ao concurso lançado pelo Governo dos Açores para a conceção e construção de um navio de transporte, com capacidade para 650 passageiros e 150 viaturas. Este concurso seria anulado, porque o Governo açoriano decidiu reencaminhar os 48,2 milhões de euros do projeto para o reforço das medidas de combate à atual pandemia.