O diretor do Departamento Central de Investigação e Ação Penal deu ao procurador titular da "Operação Marquês" até 15 de setembro para concluir o inquérito que envolve José Sócrates.
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O antigo primeiro-ministro está a ser investigado por corrupção, fraude fiscal agravada e branqueamento de capitais no âmbito da "Operação Marquês".
Em comunicado, a Procuradoria Geral da República esclareceu, esta quarta-feira, que "o diretor do DCIAP, que tem mantido reuniões regulares com os magistrados e com o Órgão de Polícia Criminal afetos ao inquérito para se inteirar e acompanhar o desenvolvimento das investigações em curso, decidiu fixar o dia 15 de setembro de 2016 como prazo limite necessário para concluir o presente inquérito".
Para justificar este prazo de mais seis meses de investigação, o Ministério Público invoca para além da "vasta prova a analisar e relacionar", diligências internacionais, como o desenvolvimento de três cartas rogatórias. "Aguarda-se a devolução das mesmas, estando a ser desenvolvidos todos os esforços no sentido de acelerar o respetivo cumprimento, através da cooperação bilateral e das instituições de cooperação europeias", explica o mesmo comunicado.
O ex-primeiro-ministro foi detido a 21 de novembro de 2014, no aeroporto de Lisboa, indiciado pelos crimes de fraude fiscal qualificada, branqueamento de capitais e corrupção passiva para ato ilícito, e esteve preso preventivamente no Estabelecimento Prisional de Évora, mais de nove meses, tendo esta medida de coação sido alterada para prisão domiciliária, com vigilância policial, a 04 de setembro.
Antes, Sócrates havia recusado a proposta do Ministério Público de ficar em prisão domiciliária com pulseira eletrónica, tendo o juiz Carlos Alexandre, do Tribunal Central de Instrução Criminal, decidido mantê-lo em prisão preventiva, sem o ouvir novamente, decisão que motivou recurso para a Relação de Lisboa.
José Sócrates, que reclama, desde o início, estar inocente, foi libertado a 16 de outubro, estando contudo proibido de se ausentar de Portugal e de contactar outros arguidos do processo da "Operação Marquês", assim como administradores, gerentes ou outros colaboradores de sociedades da esfera jurídica do arguido Carlos Santos Silva, do Grupo Vale do Lobo, do Grupo Lena ou da Caixa Geral de Depósitos (CGD).
Também Armando Vara, antigo administrador da CGD, e a filha Bárbara Vara são arguidos no processo, conhecido como "Operação Marquês", estando o ex-ministro socialista a ser investigado por alegadas ligações ao empreendimento turístico de Vale de Lobo, no Algarve.
Além de Sócrates e de Armando e Bárbara Vara, são indicados como arguidos, no mesmo processo, Carlos Santos Silva, empresário e amigo do ex-primeiro-ministro, Joaquim Barroca, empresário do grupo Lena, João Perna, antigo motorista do ex-líder do PS, Paulo Lalanda de Castro, do grupo Octapharma, Inês do Rosário, mulher de Carlos Santos Silva, o advogado Gonçalo Trindade Ferreira e os empresários Diogo Gaspar Ferreira e Rui Mão de Ferro.