A Polícia Judiciária seguiu o rasto deixado pelo rapaz de 14 anos nas redes sociais. A avó acredita que tenha sido raptado, mas as autoridades consideram que terá sido o jovem que pediu ajuda.
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Igor Magalhães, um jovem de 14 anos que desapareceu de casa da avó, em Chaves, há cerca de duas semanas, foi localizado pela Polícia Judiciária em França. Não fugiu sozinho, mas foi levado para lá pela ex-mulher do pai, para o local onde terá dito que deixou amigos e onde gostava de viver, antes de ir para Alto da Trindade.
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A avó, Lúcia Barros, que acolheu o rapaz em dezembro do ano passado depois de ter vivido com o pai em França, não acredita que o neto tenha ido por vontade própria e diz que vai acusar a ex-mulher do filho do "crime de rapto".
"A Polícia Judiciária, através do Departamento de Investigação Criminal de Vila Real, após a realização de inúmeras diligências de investigação e com a colaboração das autoridades policiais francesas, procedeu à localização de Igor, em Mountauban", explicou. Tinha desaparecido de casa da avó a 19 de julho. "O menor será, a breve trecho, entregue aos pais", esclareceu a PJ.
Redes sociais
Segundo o JN apurou, as redes sociais terão sido fundamentais para encontrar o adolescente. Aliás, fonte policial contou ao Jornal de Notícias que tudo leva a crer que terá sido Igor Magalhães a contactar a ex-mulher do pai para que o ajudasse a voltar àquele país, que seria onde se sentia bem e deixou amigos.
A PJ afirma que ainda não está apurada a forma como Igor foi para França com a ex-madrasta, mas, segundo anunciou, "as investigações permitem desde já excluir a existência de prática de crime no desaparecimento do menor". As autoridades acreditam mesmo que a mulher que o levou não teve intenções criminosas, pelo que não pondera agir criminalmente contra ela, apurou o JN.
Naquele domingo em que disse à avó que ia jogar futebol, Igor foi ter com a ex-madrasta, que o levou de carro até França, onde acolheu o rapaz durante todo este tempo.
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Apesar de ansiosa e aliviada, "à espera de ver o neto bem de saúde", Lúcia Barros diz-se muito enervada, pois, segundo contou ao JN, nunca lhe passou pela cabeça que por trás do desaparecimento de Igor estivesse a ex-madrasta. A mulher viveu cinco anos com o filho de Lúcia e com Igor, mas "há dois que ninguém sabia dela". A avó, que acredita que "tudo foi engendrado por ela para levar Igor para França", está convicta de que "foi por vingança" e promete que tudo fará para que seja presa: " Vou acusá-la de rapto".
"O Igor é um bom menino, ele nunca iria a lado algum sozinho", sustenta Lúcia Barros, lembrando que o adolescente até "tinha muito boas notas na escola".
Quando, na manhã daquele domingo, disse à avó que ia jogar futebol com "uns amigos", Lúcia Barros afirma que "até ficou contente por ver o menino a sair e brincar", mas nunca pensou que se tratasse "de uma armadilha", que ela não tem qualquer dúvida que terá sido "pensada pela ex-madrasta para levar o menino".
O pai de Igor e a mãe, que está em Andorra, foram ontem para França, para que o rapaz lhes seja entregue, o que não tinha acontecido até à hora de fecho desta edição.
Onde estão?
Rui Pedro
Desapareceu em março de 1998, aos 11 anos. A última vez que a família soube dele, andava de bicicleta em Lousada. Afonso Dias foi condenado por rapto do rapaz. Saiu em liberdade sem concluir a pena e continua a declarar-se inocente, 20 anos depois.
Cláudia Sousa
Foi vista pela última vez a caminho da escola em maio de 1994. É de uma família pobre e numerosa de Vila Verde.
Jorge Sepúlveda
É um dos casos mais antigos em Portugal. Natural do Porto, tinha 14 anos quando desapareceu.